Projetos em andamento

Trajetórias de vidas periféricas: a violência entre o ordinário e o extraordinário em narrativas e poéticas (auto)biográficas

O projeto propõe investigar, nos trânsitos das trajetórias de vida de sujeitos das periferias urbanas do Brasil, a estruturação narrativa e poética de sua atuação política, situando-se como uma contribuição aos estudos de mobilidades dentro do campo da linguística aplicada. Trajetórias de vida designa um caminho metodológico para buscar compreender as mobilidades das formas enunciativas que relacionam o individual e o coletivo e o caráter performativo de múltiplas práticas (auto)biográficas. A violência, entendida como um marcador social que se pronunciou na sociedade brasileira a partir dos anos 1980, é escolhida como parâmetro temático que permite uma busca para entender como sujeitos das periferias participam da ação política em resposta à violência estrutural e estatal a que são submetidos. Busca-se, dessa forma, observar o trânsito entre a linguagem do ordinário e as narrativas do extraordinário nas memórias de violência, como também reconhecer as formas do luto e do trauma nesses contextos. Com a proposta metodológica de manusear recursos comunicativos (auto)biográficos arquivados, por meio de uma aproximação etnográfica, a pesquisa propõe trabalhar com corpora formados por várias tipologias linguísticas, semióticas e midiáticas.

Integrantes: Daniela Palma (pesquisadora responsável), Daniel Silva, Viviane Veras.

Financiamento: FAPESP

Um museu de vozes do cotidiano: performances em trajetórias de vida faladas e tecnologias sociais da memória

A produção discursiva da memória é o interesse deste projeto, que propõe estudar trajetórias de vidas oralmente performadas, a partir do acervo de um museu virtual de narrativas. Trajetórias de vida é um construto operacionalizado para designar possibilidades em compreender mobilidades enunciativas, de tessitura individual e coletiva, e o caráter performativo de práticas (auto)biográficas. As performances de história oral como artes verbais (BAUMAN, 1977; BAUMAN; BRIGGS, 1990) são compreendidas como formas criativas de narrativizar o cotidiano (CERTEAU, 2014). O  Museu da Pessoa, campo empírico da pesquisa, é enquadrado como uma tecnologia social da memória para a democratição do fazer da história e  atua para uma “reconfiguração comunicativa do saber e do narrar” (MARTÍN-BARBERO, 2014). Metodologicamente, o projeto prevê a montagem de um corpus de trajetórias de vida em vídeo ou áudio, por meio do trabalho de coleta etnográfica junto à coleção do museu virtual. Em termos analíticos, a pesquisa busca fabricar instrumentos que permitam explorar padrões formais da performance e do processo tecnológico, como também questões sociais e culturais mais amplas implicadas nas práticas de contextualização e formação de arquivo.

Palavras-chave: performances orais; história oral; tecnologias sociais; memória, arquivo de histórias.

Pesquisadora: Daniela Palma

Bolsa: PQ-CNPq

Projetos finalizados

Práticas de memória na escola e na universidade

Projeto de pesquisa, ensino e extensão. O desenvolvimento teve como ponto de partida uma disciplina de graduação sobre “práticas de memória em aulas de língua portuguesa e literatura” (oferecida em 2021), a partir da qual foram desdobradas atividades de pesquisa e oficinas de produção de materiais didáticos para o ensino básico e produções artístico-culturais de pesquisadores participantes. As atividades exploram diversas relações entre memória, identidades/subjetividades e linguagens. O projeto prevê a publicação de um e-book destinado a professores do ensino básico e a publicação dos textos memorialísticos.

Integrantes: Daniela Palma (coord.); Elaine Pereira Andreatta (coord.); Andrey Marcos Garcia; Alice Prates Martins; Ana Fariña; Ana Júlia Tetzner da Silva; Beatriz Ferreira Guimarães Ribeiro; Clara Motta; Daphiny Lisboa de Santana; Gabriel Elias; Gabriel Ribeiro; Giulia Yumi Tonhi Hashimoto; Joyce Brito dos Santos; Lara Nantes Mantovani; Laura Armbrust Castanho; Laura Paes Feliciano; Maria Júlia Santos de Freitas; Maria Júlia Brito de Freitas; Maurício Oliveira; Rayssa Honczaryk; Thiago Antônio Felippe; Vitor Morelli Silva.

Atividades de escrita de narrativas na educação em Direitos Humanos

Projeto de pesquisa e extensão que teve como objetivo de propor subsídios para a educação em direitos humanos. Propôs um modelo de oficinas de escrita de narrativas com potencial de promover reflexões sobre concepções jurídicas, filosóficas e subjetivas de direitos humanos e das formas sociais de diferença e universalidade. O modelo estimula a construção do pensamento por meio da narração de histórias/estórias, explorando as inversões de perspectivas como um mecanismo propício à sensibilização para uma “mentalidade ampliada” (Arendt; Kant), mais consciente da alteridade e capaz de apreender os dilemas individuais e coletivos do mundo contemporâneo. O grupo produziu um e-book, destinados a professores do ensino básico, intitulado “Oficinas de imaginação na escrita para a educação em Direitos Humanos”. (Projeto contemplado no 12º Edital PROEC-PEC)

Integrantes: Ana Júlia Valezi, Ana Luiza Barretto Bittar, Ana Paula dos Santos de Sá, Daniela Palma, Douglas Vinícius Souza, Giulia Mendes Gambassi, Nayara Natalia de Barros, Rafael Salmazi Sachs, Talitha de Lima Paratela, Cláudia Tavares Alves.

Vozes e corpos transgêneros em documentos de repressão policia

Projeto focado no trabalho com um arquivo policial de repressão a travestis na década de 1970 na cidade de São Paulo. O objetivo foi  analisar nos documentos de polícia jogos de estratégias de enquadramentos de corpos para a fabricação de indivíduos criminosos, na moldura do discurso penal sobre a contravenção da vadiagem. A pesquisa resultou no artigo: PALMA, D. Declarações enquadradas de corpos “vadios”: uma leitura de arquivo de repressão policial a travestis (no prelo). 

Integrante: Daniela Palma.