Coordenadora: Mariangela de Andrade Maximo Dias

Pretende-se nesse momento desdobrar as articulações do significante devastação com o feminino em sua incidência nos laços de amor. Recolhe-se do percurso até então realizado que as expressões da devastação na vida psíquica de uma mulher excedem o registro fálico ainda que este não lhe seja alheio, considerando que seu lugar de nascimento encontra-se circunscrito a relação da menina com a mãe de quem a primeira tudo aguarda no que concerne a um saber que dissipe a opacidade do ser feminino. Freud foi até esse ponto indicando o embate sem saída das exigências que atormentam a menina quando aprisionada ao amor sem consequência à mãe e indicando que o amor ao pai edípico poderia constituir uma saída salutar desse conflito. Alguns autores entendem esse embate como a própria atualização da dimensão do muro da linguagem, de um impossível, que exige elevar a devastação ao estatuto de prova incontornável no caminho de realização da sexuação de uma mulher, sempre uma e não sem a angústia.

A indicação de que a devastação feminina não é a reivindicação peniana, mas que coloca em jogo uma experiência de desorientação, de abolição das referências, nos encaminhou ao campo das aflições e angústias femininas que apontam para a questão do gozo Outro que abala as identificações que ancoram o sujeito. Segundo Colette Soler os efeitos desse gozo são de destituição e geram um engajamento do sujeito numa lógica de exigência absoluta frente ao amor. A absolutização do sujeito feminino frente ao amor não é uma tese inteiramente estranha ao pensamento de Freud que indicou o temor da perda de amor como um elemento a ser ponderado no destino da menina como ser sexuado. O que está em jogo no apelo de amor de uma mulher?

Gallano defende que os amores são distintos, há o amor masculino e o amor feminino. Seguindo as teses de Lacan no seminário Mais ainda a autora destaca que o título do seminário de Lacan alude à falha de onde, no Outro, parte a demanda de amor. O amor pede amor, pede ainda. O amor nasce da surpresa, daquilo que a própria ideia do mundo oculta e/ ou ignora. Na linguagem nada prevê, antecipa, escreve o que é o encontro entre um homem e uma mulher. Trilhar os modos de articulação do amor pela via feminina em suas variantes não sem contemplar as vicissitudes da devastação é a proposta desse grupo de trabalho.

As leituras que orientarão o trabalho serão divulgadas.

Os interessados em participar do grupo de leitura devem dirigir-se a coordenadora através do email: mariangelaamd@uol.com.br

Datas:
Quintas: 24/03, 28/04, 26/05 e 23/06
Horário: 10 às 11h30.
Local: A ser definido