Plano de Trabalho para o segundo semestre de 2015
Os tempos da devastação
Coordenação: Flavia Trocoli e Mariangela Máximo Dias

Durante o primeiro semestre de 2015, as discussões do Grupo de Estudos se detiveram no ensaio “Feminilidade como uma mascarada”, de Joan Rivière. Acompanhando a construção do argumento da autora, ficou evidente que, para ela, a feminilidade está situada como um efeito do complexo de Édipo, portanto, ao lado das questões em torno do falo, do ter, e fora da referência ao vazio, ao ser. No segundo semestre de 2015, buscaremos avançar na direção de que, como indica Colette Soler, a devastação não é a reinvindicação feminina e está fora do falicismo. Nesse outro campo, não haverá limites para as concessões que uma mulher estará pronta para fazer a seu homem, salvo o seu corpo.

21 de agosto: “Psicanálise e narrativa da feminilidade: véu, mascarada e semblante”, capítulo do livro Pedro Almodóvar e a feminilidade, de Ana Lucilia Rodrigues.
18 de setembro: “Che vuoi?”, parte 1 do livro O que Lacan dizia das mulheres, de Colette Soler.
30 de outubro: “Aula de 21 de março de 2001”, capítulo do livro Declinações da angústia, de Colette Soler.
27 de novembro: “Televisão”, de Jacques Lacan

Encontros: sextas-feiras: 21 de agosto, 18 de setembro, 30 de outubro, 27 de novembro.
Horário: 11h às 12:30h.
Local: a definir.
Aos interessados, solicitamos entrar em contato com flavia.trocoli@gmail e mariangelaamd@uol.com.br


Informações do primeiro semestre de 2015

Coordenação: Flavia Trocoli (UFRJ) e Mariângela Máximo Dias (UNISAL).
Encontros: sextas-feiras: 13 de março, 10 de abril, 15 de de maio, 19 de junho.
Horário: 13:30h às 15h.O encontro do dia 15 de maio acontecerá de 12:30h às 14h.
Local: a definir.
Contato: Aos interessados, solicitamos entrar em contato com flavia.trocoli@gmail e mariangelaamd@uol.com.br

Os tempos da devastação
Coordenação: Flavia Trocoli e Mariangela Máximo Dias
Tendo como escopo delinear os tempos da devastação, tomamos como ponto de partida a relação da menina a uma ordem do desejo da mãe que escapa ao simbólico, sem a mediação fálica, para dizer desse irremediável da linguagem, do amor, do corpo, assim, em 2014, o Grupo dedicou-se ao estudo dos seguintes textos: o primeiro capítulo, “Em que sentido pode-se falar em castração feminina?”, de A exceção feminina, de Pommier, mais especificamente as questões que se referem à relação do feminino com o falo. Este capítulo funcionou para nós como uma retomada condensada das questões que trabalhamos em “A sexualidade feminina” e na Conferência XXXIII sobre a Feminilidade, ambos de Freud. Em seguida, detivemo-nos na discussão de “Fragmento da análise de um caso de histeria (o caso Dora)” e de “A psicogênese de um caso de homossexualismo numa mulher”. As discussões em torno do feminino relacionado à estrutura histérica e à perversão conduziram-nos ao capítulo de A impostura perversa, de Serge André, intitulado “As duas homossexuais”. Essa leitura fez com que retomássemos o caso Dora mas, desta vez, a partir da articulação entre a histeria e a escrita do caso como romance do século XIX, bem como aquilo que Lacan extrai dessa formalização. Lemos os capítulos em que Porge, em Transmitir a clínica psicanalítica, trabalha a relação de Freud com o romance e de Lacan com a poesia ( “Freud letrado” e “Lacan, da ficção ao estilo”).
Propomos começar 2015 com o texto de Freud intitulado: 1) “Um caso de paranóia que contraria a Teoria Psicanalítica da Doença” (1915), nele Freud articulará a relação mãe e filha à paranóia e à homossexualidade, ou seja, recoloca por outra via o foco das nossas discussões realizadas no ano anterior. Com ênfase na questão do pai e do nome, seguem as demais leituras previstas:
2)“Um gozo em excesso: Re-tornar-se mulher” e “Passividade feminina, atividade masculina”, em A exceção feminina, de Gérard Pommier;
3) “Os nomes e seus destinos”, em Ficção das origens, de Sylvia Fendrik.
4) Também serão discutidas as produções dos participantes em torno das questões trabalhadas, tal como o texto de Elizabeth Morey intitulado: “Acontecimento de corpo e devastação”.


Informações de 2014

Coordenação: Flavia Trocoli (UFRJ) e Mariângela Máximo Dias (UNISAL).
Encontros: 07 de março, 04 de abril e 30 de maio.
Horário: 11:30h às 13:00h.
Local: Sala da Outrarte.
Contato: Aos interessados solicita-se entrar em contato com flavia.trocoli@gmail e mariangelaamd@uol.com.br.

Os tempos da devastação

Em 2014, o Grupo de Estudos da Autobiografia incluirá, em sua coordenação, a psicanalista e professora Mariângela Máximo Dias, pois, depois das questões trabalhadas em torno do entrelaçamento entre memória, narração e subjetividade em Ruth Klüger e em Marcel Proust, o Grupo abordará uma nova problemática cujo cerne será a noção de devastação em seus diferentes desdobramentos e modalidades: na cena literária, na elaboração teórica, na prática clínica.

Devastação e arrebatamento (do francês ravir) comparecem no elogio realizado por Jacques Lacan à obra O arrebatamento de Lol V Stein, 1964, de Marguerite Duras, a quem ele tributa, tal como Sigmund Freud, o caráter de antecipação do poeta em relação às elaborações da psicanálise. Nessa obra, uma prática da devastação não pôde acontecer, o que se lê é a repetição em ato e devastadora de uma cena que, em sua dor, não pôde ser dita pela protagonista. Catástrofe narrada por Jacques Hold. À catástrofe de Lol V. Stein tentaremos articular o luto impossível de Antígona. Como contraponto em O amante, 1985, de Marguerite Duras, acontece a travessia de uma história pessoal a uma escrita singular, durante a qual compor a história do amante implica recompor a história da mãe, inscrição em ato de uma perda. A escrita como prática da devastação impede a catástrofe latente na relação mãe e filha.

Assim, poderíamos falar de tempos de devastação, indicando a relação da menina a essa ordem do desejo da mãe que escapa ao simbólico, sem a mediação fálica, para dizer desse irremediável da linguagem, do amor, do corpo, pois, ora nos parece que a devastação tem um sentido positivo, ora negativo e sombrio.

Referências bibliográficas:

BROUSSE, M.-H. (2002). Une difficulté dans l’analyse des femmes: le ravage du rapport à la mère. Ornicar? Revue du Champ freudien, 50,93-105.

CHATEL, M.M. O mal-estar na procriação. Tradução Dulce Duque Estrada. Rio de Janeiro: Ed. Campo Matêmico, 1995.

DURAS, Marguerite. (1984). O amante. Tradução: Aulyde Soares Rodrigues. Rio de Janeiro: O Globo. São Paulo: Folha de S. Paulo, 2003.

(1964) O deslumbramento. Tradução: Ana Maria Falcão. Rio de Janeiro, 1986.

FOUCAULT, Michel. Sobre Marguerite Duras. In: Ditos & Escritos III. Organização e seleção de textos: Manoel Barros da Motta. Tradução: Inês Autran Dourado Barbosa. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.

Freud, Sigmund. (1931) Sexualidade Feminina. Tradução: Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1974. (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud). vol. 21

JOUVENOT, Christian. Marguerite et sa folie: Marguerite Duras et sa mère. Paris: Harmattan, 2008.

LACAN, Jacques. Homenagem a Marguerite Duras. In: Outros escritos. Tradução: Vera Ribeiro. Versão final: Angelina Harari e Marcus André Vieira. Preparação de texto: André Telles. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.

LECLAIRE, Serge. Mata-se uma criança. Rio de Janeiro: Zahar.

MARCOS, Cristina. Mãe e filha – da devastação e do amor. Revista Tempo Psicanalítico. No. 2, vol 43. Rio de Janeiro: dez.2011.

POMMIER, Gérard. A exceção feminina, os impasses do gozo. 2ª ed. Tradução Dulce Duque Estrada, Rio de Janeiro: Zahar, 1991.

SOLER, Colette. O que Lacan dizia das mulheres. Rio de Janeiro: Zahar.


Memória das atividades de anos anteriores

2013 – A autobiografia depois de Freud: estudos sobre memória, narração e subjetividade

No primeiro semestre de 2013, o Grupo dará continuidade à leitura de Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, desta vez, com ênfase em À sombra das raparigas em flor, propondo uma articulação tanto com o primeiro volume, no que tange à função de Swann, quanto ao sexto volume, no que tange ao aparecimento e desaparecimento de Albertine.