Literatura Infantil (1880-1910)
Um série de mudanças e crises políticas ocorridas durante o Reinado de D. Pedro II davam suporte à uma agitação republicana. No final da década de 1880, a população chegaria a 14 milhões, com crescimento demográfico acentuado nas províncias do sudeste. Esse aumento demográfico e a expansão da lavoura cafeeira de exportação, ampliação e diversificação das atividades econômicas e financeiras, modernização dos serviços urbanos, ingresso cada vez maior de imigrantes europeus, e o crescimento das atividades do estado foram fatores que contribuíram para o movimento republicano.
Mudanças de ordem sócio-econômica e técnica, como a decadência gradual do escravo e a substituição do trabalho escravo pelo livre (assalariado, em alguns casos) e semilivre, inúmeras inovações técnicas foram introduzidas nos principais setores da economia e as camadas médias urbanas teriam um papel importante na mudança da forma de governo.
Além disso, setores mais intelectualizados –uma espécie de “vanguarda da consciência transformadora” – eram os principais propagadores de idéias novas que agitava o Brasil.
Muitas idéias que se difundiram em diversos lugares no século XIX, como o Positivismo, o Darwinismo e o Determinismo repercutiram na política do país, pois se adequavam aos interesses e aspirações das novas classes e camadas sociais que se sentiam insatisfeitas. Era expressiva, por exemplo, a contestação ao sistema eleitoral (indireto e censitário) criado pela Constituição de 1884.
Em 1881, a Lei Saraiva, redigida por Rui Barbosa, havia feito uma reforma eleitoral, ao instituir a eleição direta e a não-obrigatoriedade do voto e, também, permitir a eleição dos não-católicos. Ainda neste documento ele conservou, no entanto, como condições para ser eleitor a renda anual superior a 200$000 (duzentos mil réis) e proibiu pela primeira vez no país o voto dos analfabetos, que eram aproximadamente 80% dos adultos.
Outro fator foi a pressão que a burguesia agrária paulista e proprietários e camadas médias de outras províncias exerceram para que se instituísse uma república federalista, pois para eles a república se tornava uma necessidade já que ela proporcionaria a descentralização político-administrativa, dando maior autonomia às províncias.
No dia 13 de dezembro de 1870, o Partido Republicano do Rio de Janeiro divulgou, através do jornal A República, o Manifesto Republicano que ficou famoso na história da proclamação da nova forma de governo. Este documento considerava o regime monárquico como “uma instituição decadente” e propunha o estabelecimento de uma federação baseada “na independência recíproca da Província, elevando-a à categoria dos Estados próprios unicamente ligados pelo vínculo da nacionalidade e da solidariedade dos grandes interesses da representação e defesa exterior...”. O Manifesto ainda falava em “direitos da nação”, “opinião nacional”, “soberania do povo”, “causa do progresso”, “liberdade individual”, “liberdade econômica”, “voto do povo”, entre outras expressões.
Em 1873, a onda republicana, que há muito já mobilizava a elite paulista, resultava na criação do Partido Republicano Paulista.
A partir deste momento o movimento republicano ganhou aliados de diversas partes do país e divergências no que diz respeito à substância do federalismo: enquanto o Manifesto de 1870 propunha a ligação das províncias apenas pelos vínculos de nacionalidade separatistas, o Partido Republicano de Pernambuco rejeitava “qualquer tentativa de desligamento que não aproveitava senão às províncias mais prósperas...”.
A uma certa altura, o governo já estava sem apoio do Exército, criticado pela Igreja católica, por ricos fazendeiros e por boa parte das populações das cidades, onde vivia a elite intelectual e política do país. Questões religiosas, militares, escravistas e eleitorais e idéias como o Abolicionismo, republicanismo, positivismo e darwinismo contribuíram para a articulação da “Proclamação da República” em 15 de novembro de 1889 e a formação do Governo Provisório presidido pelo Marechal Deodoro da Fonseca.
O fato é que o
povo pouco participou deste acontecimento, o Governo provisório da República
tinha lideranças militares, como o general Deodoro e o tenente-coronel Benjamin
Constant, republicanos do grupo moderado, como Quintino Bocaiúva, Campos Sales
e Aristides Lobo, e um político desencantado com a Monarquia e favorável à
federação, Rui Barbosa, ou seja, não havia ninguém que pudesse ser considerado
um representante das camadas populares. A escolha de um general para presidente
poderia ser entendida como um
reconhecimento, pelos grupos civis, do papel dos militares na
implantação do novo regime. O Governo de Deodoro da Fonseca, porém seria
partilhado por uma série de conflitos entre os poderes Executivo e Legislativo
e dentro do próprio governo, envolvendo o presidente e seus ministros durante
essa gestão.