Já lhe escrevi respondendo à carta última que daí recebi. Disse-lhe então que falaria ao Laemmert, e mandaria resposta por um bilhete. Este é o bilhete. (...) Confessou-me que a impressão não ficaria acaba (sic) nos quatro ou cinco meses. Quanto à proposta de ocupar-se somente da venda e das despesas de anúncio e distribuição, disse-me que pede 40%. Pedirá apenas 20%, se as despesas de distribuição e anúncios correrem por conta do autor. Creio que a primeira forma é preferível; um autor é menos próprio para cuidar das minúcias, e isso mesmo creio que me disse em sua carta.

Eu lhe peço também que se esforce por que o volume seja lido, muito lido no Brasil; se encontrar ocasião, anime e favoreça o aparecimento de algum estudo crítico sobre ele, pois isso é o que eu desejo - notícias de jornais não me bastam. O José Veríssimo prometeu-me que escreveria ele próprio sobre as Procelárias; lembre-lhe isso, e consiga que o faça breve. O Araripe também pode escrever alguma cousa. Não cuide que eu ande à cata de elogios; longe de mim tal idéia! O que eu quero - e que todo o escritor sério tem o direito e quase a obrigação de querer - é ser estudado com atenção, obter o juízo sincero dos competentes, mesmo que eles sejam um pouco severos. O que acharia triste e desolador seria ver apenas mencionado, e vagamente louvado, em notícias banais da imprensa diária, um livro feito com amor, e que diz e vale alguma cousa.

Azeredo anuncia novo original: A propósito das Baladas e fantasias vou pedir-lhe um favor, com a confiança do costume. É o de tomar a si o encargo de perguntar ao Laemmert se quer ser o editor desse livro; exponha-lhe estas condições que me parecem bem pensadas: 1. pelo original ele dará a retribuição que tem dado a outros autores, nesta época, em circunstâncias idênticas; e nesse ponto fica o meu querido Mestre inteiramente senhor de agir como quiser. 2. Quanto à impressão do livro, parece-me conveniente fazê-la aqui na Europa, não porque assim sairá imensamente mais barata que sendo feita no Brasil, mas também poque estando eu aqui para fiscalizar tudo a garantia será completa para a boa revisão das provas e a beleza artística do volume; para isso eu tenho certo gosto, e o livro das Procelárias impresso e arranjado todo segundo as minhas idéias o prova bastante. Entenda-se com a casa Laemmert a esse respeito, e mande-me a resposta. Eu não estarei mesmo longe, se esse negócio das Baladas e fantasias sair bem, de comprometer-me com essa livraria e tomá-la como editora de todas as minhas obras futuras em prosa, em termos razoáveis para mim e para ela. Sonde um pouco esse homens, e veja o que dizem. As obras poéticas eu prefiro reservá-las para mim, pois assim terei liberdade para fazer delas edições a meu gosto, da mais elegante forma

Fecha Janela