V. Excia teve a bondade de tomar sobre si o encargo de propor ao Sr. Lombaerts a impressão do meu livro de versos e informar-me do que houver a respeito. Aproveitando-me dessa fineza, a qual de todo o coração sou grato, devo dizer a V. Excia. - porque convém que o editor o saiba - que o volume com certeza não passará de 200 páginas, quando muito, em oitavo, que o papel deverá ser bem regular, o tipo proporcional à dimensão das folhas, e que não são precisos mais do que 450 ou 500 exemplares. Isto, V. Excia. far-me-á o obséquio de comunicá-lo ao Sr. Lombaerts, não esquecendo empregar toda a sua influência com ele para que faça tudo pelo mínimo preço; pois, ainda que sei que um escritor, ao publicar o seu primeiro trabalho, não deve mirar a nenhum lucro, contudo cumpre reconhecer que a economia deve presidir aos gastos de quem, como eu, embora haja de que viver, ainda, por sua pouca idade e suas condições, não pode ganhar honradamente com o suor de seu rosto aquilo que consome. Espero que Va. Excia., logo que puder, me escreverá sobre este negócio, e me fará o prefácio, que gentilmente prometeu para o meu livro (Carta de 2 de junho de Azeredo a Machado) ; O caso é este: na véspera da minha vinda, fui ao Lombaerts tratar da impressão do meu livro. Pediram-me por mil exemplares um conto e cem mil réis. Como vê, não é soma para desdenhar; e não sei se nesta ocasião me acho em condições de despendê-la. Não seria possível entrar em um acordo com a casa Lombaerts, ou outra de mesmo gênero, já não digo para me comprarem a edição, mas para m'a fazerem, com o papel e o tipo que eu escolhesse, gratuitamente, ou por preço muito menor, ficando ela pertencendo ao editor, e tendo eu apenas direito a 150 ou 200 exemplares? Como V. Excia. deve ter grande prática destas coisas, e eu não tenho nenhuma, pensei logo em consultá-lo acerca desta idéia; rogo-lhe me diga com franqueza se haverá possibilidade de realizá-la. Creio que, continuando eu a colaborar por algum tempo na Gazeta, adquirindo assim o meu nome certa publicidade aí, o livro será procurado - tanto mais que terá no prólogo de V. Excia. a melhor apresentação para o público (Carta de Magalhães Azeredo em 3 de julho). |
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