Linguística Sistêmico-Funcional na construção de práticas de Educação Científica para aulas de Língua Materna

Wagner Rodrigues Silva

Universidade Federal do Tocantins
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq

Os resultados de pesquisa compartilhados em nossa exposição integram o projeto Conscientização Gramatical pela Educação Científica – ConGraEduC, financiado pelo governo brasileiro dentro do Programa Ciência na Escola – PCE (CNPq/MCTIC), cujo propósito consiste na realização de ações inovadoras em escolas públicas nacionais a fim aprimorar a qualidade do ensino de ciências, alcançando diferentes componentes do currículo escolar. Neste recorte investigativo, problematizamos as abordagens investigativa e pedagógica construídas em função da elaboração de uma proposta de educação científica para aulas de português como língua materna, tendo a Linguística Sistêmico-funcional (LSF) como teoria gramatical responsável pela ênfase semântica dada a terminologias recontextualizadas considerando a gramática tradicional, familiar a professores e a estudantes do ensino básico. Trata-se de uma pesquisa colaborativa situada na Linguística Aplicada, caracterizada como um campo de conhecimento indisciplinar, arrojado e comprometido com o empoderamento das pessoas envolvidas em pesquisas. Além do exame de diferentes materiais didáticos elaborados em parceria com professores, consideramos depoimentos extraídos de entrevistas com estudantes participantes, além de transcrições de situações educativas, envolvendo o trabalho reflexivo com e sobre a língua materna na perspectiva da educação científica. O processo de elaboração de materiais e planejamento da interveçao pedagógica revelou a necessidade de articulação de teorias originárias de diferentes áreas/campos do conhecimento, ou seja, a teoria gramatical/linguística isolada não responde à complexidade de demandas compartilhadas pela comunidade escolar. São exemplos de pressupostos teóricos mobilizados e articulados no ConGraEduC: educação científica (alfabetização científica, letramento científico) concientização e metodologias ativas (FREIRE, 2016; HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014; SILVA, 2020; VYGOTSKY, 1986). Os resultados mostraram ainda estudantes engajados nas atividades propostas, envolvendo práticas mais funcionais de leitura, de produção textual e de análise linguística. As aulas de língua materna foram responsáveis pelo deslocamento discente de situações didáticas de reproduçção ou memorização terminológica para tarefas empoderadoras de conscientização social e gramatical. Este trabalho contribui com as atividades do grupo de pesquisa Práticas de Linguagens – PLES (UFT/CNPq).

Referências

FREIRE, P. Conscientização. Tradução de Tiago José Reis Leme. São Paulo: Cortez, 2016.
HALLIDAY, M. A. K.; MATTHIESSEN, C. M. I. M. Halliday’s Introduction to Functional Grammar. London: Routledge, 2014.
SILVA, W. R. Educação científica como estratégia pedagógica e investigativa de resistência. Trabalhos em Linguística Aplicada. Campinas: Unicamp, v. 59, n. 3, p.2278-2308, 2020. https://doi.org/10.1590/01031813829221620201106
VYGOTSKY, L. Thought and language. Massachusetts: The Massachusetts Institute of Technology Press, 1986.