Línguas e Instrumentos Lingüísticos n° 15

APRESENTAÇÃO

O PENSAMENTO ETNICISTA NA URSS E NA RÚSSIA PÓS-SOVIÉTICA.
PATRICK SÉRIOT

O DISCURSO SOBRE A LÍNGUA NO PERÍODO VARGAS (ESTADO NOVO – 1937/1945).
ENI P. ORLANDI

CIDADANIA: O SURGIMENTO DA PALAVRA.

SHEILA ELIAS DE OLIVEIRA

CONCEPÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUA ESCRITA EM CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA.

MARIA AUXILIADORA BEZERRA

AYRTON SENNA: A MEMÓRIA DISCURSIVA DA MÚSICA TEMA DA VITÓRIA.

NEUZA BENEDITA DA SILVA ZATTAR

CRÔNICAS E CONTROVÉRSIAS
O SEMINÁRIO DE MARIANA: DA PREPARAÇÃO DE HOMENS A SERVIÇO DE SUA MAJESTADE À SEMEADURA DE CIDADÃOS DO CÉU.
ISAÍAS PASCOAL e MARIA RUTH DE CARVALHO.

RESENHA

MARIANI, BETHANIA. COLONIZAÇÃO LINGÜÍSTICA – LÍNGUAS, POLÍTICA E RELIGIÃO NO BRASIL (SÉCULOS XVI A XVIII) E NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA (SÉCULO XVIII) . CAMPINAS, SP: PONTES EDITORES, 188 PP., 2004.
MARISA GRIGOLETTO




APRESENTAÇÃO

    No conjunto dos textos apresentados neste número 15 de Línguas e Instrumentos Lingüísticos, percorremos, por diferentes vias, temáticas relativas à nação e à cidadania em sua relação com a linguagem.
        "O pensamento etnicista na URSS e na Rússia pós-soviética" examina o funcionamento das teorias do etnos na União Soviética e na Rússia pós-soviética na segunda metade do século XX. A análise de Patrick Sériot mostra que este conceito deriva no determinismo étnico na concepção das comunidades nacionais, por meio do qual é interditado o direito de escolha pessoal.
    Em "O Discurso sobre a língua no período Vargas (Estado Novo - 1937/1945)", a temática da nacionalidade é examinada em contexto brasileiro. Eni Orlandi analisa a política lingüística efetivada sob o autoritarismo nacionalista do Estado Novo através de um conjunto de decretos que determinam a adoção da língua nacional nas mais diversas situações da vida civil. A autora mostra que o controle exercido através dea língua serve para regular o modo da presença estrangeira (imigrante, sobretudo) no Brasil.
    Em "Cidadania: o surgimento da palavra", Sheila Elias de Oliveira analisa o modo como se deu, no início do século XX, a derivação da palavra cidadania a partir do seu étimo cidadão. A autora percorre um as mudanças na designação de cidadão que deram origem à cidadania, mudanças estas ligadas ao deslocamento do Direito Romano para o Direito Burguês.
    Em "Concepções de ensino de língua escrita em curso de formação continuada", Maria Auxiliadora Bezerra mostra que os conhecimentos experienciais da prática de ensino, que envolvem estruturas formulacais de produção de gêneros textuais, têm maior influência sobre a concepção escrita do grupo de professoras por ela analisado  do que o aporte acadêmico que propõe um enfoque menos repetidor. Está em questão, nesse caso, pela conformação do sujeito de linguagem dada pela escola, a possibilidade ou não de formação de um cidadão crítico.
    A constituição da imagem de um ídolo nacional é o objeto de "Ayrton Senna: a memória discursiva da música Tema da vitória". Neuza Zattar analisa a memória fundada na música Tema da vitória e no enunciado "Ayrton, Ayrton, Ayrton Senna do Brasil", projetados para todo o país nas transmissões de Fórmula I da Rede Globo, antes e depois da morte de Ayrton Senna.
    A seção Crônicas e Controvérsias traz o artigo "O Seminário de Mariana: da preparação de homens a serviço de Sua Majestade à semeadura de cidadãos do céu". Isaías Pascoal e Maria Ruth de Carvalho rlatam a história do seminário mais antigo de Minas Gerais (fundado em 1750), no qual vário líderes religiosos e leigos se formaram. Entre outros aspectos, os autores destacam o ideal de formação de cidadãos líderes, que deveriam ser tementes a Deus e dedicados ao cultivo das virtudes morais e cívicas necessárias à consntrução da pátria.
      O livro Colonização lingüística, de Bethanioa Mariani, é resenhado por Marisa Grigoletto, segundo a qual a obra "constitui uma contribuição fundamental para a compreensão não apenas das relações entre língua, colonização e constituição de identidades nacionais, mas também, no cas específico da nossa história de Brasil no tocantes à questão das línguas, dos efeitos discursivos dos gestos dos colonizadores portugueses sobre nós e sobre o dizível e o não-dizível da nossa concepção de língua nacional (até) hoje."
       Percorrendo, então, diversos objetos de análise - linguagem teórica, jurídica, lexicográfica, televisiva, falas institucionalizadas, documentos institucionais, este número de Línguas e Instrumentos Lingüísticos espera contribuir para a compreensão histórica da linguagem em sua relação com o Esatdo, a ciência, a mídia e as instituições.
       

Os Editores




O PENSAMENTO ETNICISTA NA URSS E NA RÚSSIA PÓS-SOVIÉTICA.

PATRICK SÉRIOT

Universidade de Lausanne

RESUMO: Este artigo analisa o funcionamento das teorias do etnos na segunda metade do século XX na União Soviética e na Rússia pós-soviética.  O autor  mostra que esse conceito se funda no determinismo étnico na concepção das comunidades nacionais, pelo qual se produz a exclusão do Outro, uma vez que a possibilidade de escolha pessoal é invalidada.
 




O DISCURSO SOBRE A LÍNGUA NO PERÍODO VARGAS (ESTADO NOVO – 1937/1945).

ENI P. ORLANDI

DL/IEL e Labeurb/Nudecri - Unicamp

RESUMO: O discurso sobre a língua é um lugar de observação interessante para conhecermos a história das políticas de língua que vão-se dando ao longo dos tempos e sobretudo durante diferentes regimes de governo. Faço aqui uma breve análise do período da ditadura de Vargas no Estado Novo no que se refere à questão da língua. Podemos por aí compreender como a questão da língua pode ser algo sujeito a controle e à censura.
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CIDADANIA: O SURGIMENTO DA PALAVRA.

SHEILA ELIAS DE OLIVEIRA

Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná - Unicentro

RESUMO: Este artigo analisa a mudança na designação da condição de cidadão a partir da qual se originou a palavra "cidadania". A observação do movimento semântico de "cidadão" em um corpus de dicionários dos séculos XVIII e XIX mostra que "cidadania" nasce do sentido jurídico moderno de "cidadão", o que leva a autora a argumentar que a evidência pela qual a etimologia é tomada e que a derivação não deve ser tratada como questão puramente morfológica.
 

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CONCEPÇÕES DE ENSINO DE LÍNGUA ESCRITA EM CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA.

MARIA AUXILIADORA BEZERRA
Universidade Federal de Campina Grande - UFCG

RESUMO: Este trabalho examina a concepção de ensino de língua escrita de um grupo de professoras de Língua Portuguesa em formação continuada. As análises mostram que embora tanto os conhecimentos da academia quanto os experenciais da prática profissional interfiram na formulação de conceitos de ensino de escrita, estes últimos parecem exercer maior influência, visto que a tradição escolar favorece a apropriação de estruturas formulaicas relacionadas aos gêneros textuais.


AYRTON SENNA: A MEMÓRIA DISCURSIVA DA MÚSICA TEMA DA VITÓRIA.

NEUZA BENEDITA DA SILVA ZATTAR
Universidade do Estado de Mato Grosso - Unemat

RESUMO: Este texto analisa um dos processos de constituição da memória histórica de Ayrton Senna através da música Tema da Vitória e do enunciado "Ayrton, Ayrton, Ayrton Senna do Brasil" que, quando levados ao ar, significam a vitória do piloto brasileiro na corrida da Fórmula 1 naquele momento. O acontecimento de execução dessa música, que retorna sob a forma de pré-construído no acontecimento da primeira vitória de Barrichello em 2000, evoca a imagem de Senna.

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