Literatura Infantil (1880-1910)
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Ano Bom Ano
bom. De madrugada, Bebê
desperta, e, assustada, Avista
um vulto na cama. Que
será? Que medo! E, tonta, Eis
que Bebê se amedronta, Chora,
grita, chama, chama... Mas,
quando se abre a cortina, Quando
o quarto se ilumina, Bebê,
de pasmo ferida, Vê
que o medo não é justo: pois
a causa do seu susto É
uma boneca vestida. Que
linda! é gorda e corada, Tem
cabeleira dourada E
olhos cor do firmamento... Põe-na
no colo a criança, E
de olhá-la não se cansa, Beijando-a
a todo o momento. Nisto
a mamãe aparece. Como
Bebê lhe agradece, Com
beijos, risos e abraços! —
porém, logo, de repente, Diz
à mamãe, tristemente, Prendendo-a
muito nos braços: “Mamãe!
como sou ingrata! Com
tantos mimos me trata, Tão
boa, tão delicada! Dá-me
vestidos e fitas, Dá-me
bonecas bonitas, E
eu, mamãe, não lhe dou nada!...”
“Tolinha!
(A mãe diz, num beijo) As
festas que eu mais desejo, Ó
minha filha, são estas: A
tua meiga bondade E
a tua felicidade... Não
quero melhores festas!” |
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