Literatura Infantil (1880-1910)
Características gerais dos textos infantis da época
O livro infantil brasileiro, na sua gênese, possui intenção claramente pedagógica, pois são os livros de leitura usados nas escolas, a primeira manifestação consciente da produção de literatura específica para crianças. Por isso “nem sempre será possível estabelecer-se uma separação nítida entre os livros de entretenimento puro e o de leitura para aquisição de conhecimentos e estudo nas escolas, durante o século passado. Percebe-se que a literatura infantil propriamente dita partiu do livro escolar, do livro útil e funcional, de objetivo eminentemente didático.” (ARROYO, 1968, p. 93-94)
Os livros de
histórias infantis eram usados como “pretexto” para ensinar outros pontos da
matéria tornando a escola, destinatária privilegiada da produção desses textos.
A importância da escola para o desenvolvimento da literatura infantil no
período deve-se ao seu fortalecimento enquanto instituição e às campanhas de
escolarização (com aumento de vagas, principalmente primárias). Além disso, o
meio escolar era e é o melhor lugar para a disseminação dos valores da classe
dominante entre as classes subalternas.
Devido às grandes mudanças do período, e à preocupação em
transmitir uma idéia de país em modernização,
muitos valores dessa sociedade foram passados adiante através dos livros
infantis. Assim, estes possuem muitas características em comum, centradas na
idéia de civismo, tendo uma missão formadora e patriótica para as crianças.
Dessa forma,
os “temas” predominantes nesses livros são:
1) Nacionalismo:
em função da necessidade das classes dominantes de difundir entre a
classe média imagens da grandeza e modernidade do país. Isso acontece de três
formas principais:
a) exaltação
da natureza: as belezas naturais do país, o amor à terra que é extremamente
fértil, idealização da vida rural.
b) exaltação
dos vultos e história do Brasil: origens, história e os grandes homens do
país.
c)
exaltação da língua: preocupação e culto da língua nacional, apuro na
linguagem expondo as crianças a bons textos, daí também o culto de grandes
autores e grandes obras.
2) Intelectualismo: além da valorização
dos grandes autores como modelo de língua, também eram valorizados como modelo
de cultura a ser imitada; o livro e o estudo eram extremamente valorizados como
meios essenciais de realização social; a escola ocupa papel de grande
importância nas histórias.
3) Moralismo
e religiosidade: valores que todo bom cidadão deveria ter como
honestidade, bondade, respeito aos mais velhos, cumprir os deveres, caráter
reto, obediência aos preceitos cristão, caridade, dedicação ao trabalho e à
família, etc.