Literatura Infantil (1880-1910)

 
Em férias                
De castigo

 

 

O TRABALHO.

 

VOU cuidar das minhas plantas;

Levo a enxada e o regador.

Que alegria nas flores! Quantas, quantas

Nasceram a este dia criador!

 

É preciso visitá‑las;

Dar‑lhes logo as boas vindas.

Meu Deus! E todas se expandindo em galas!

Dálias e rosas nunca vi tão lindas!

 

Loiro par de borboletas

Sinto esvoaçar sobre mim.

Bem sei: anda à procura das violetas

E não sabe os recantos do jardim.

 

Que tolinhas! O perfume

Não lhes ensina o caminho?

O perfume da flor é como o lume:

Atrai a gente ao desejado ninho.

 

Bom. Lá seguem meu conselho:

Adiantam‑se leves no ar...

Até logo, até logo!... E eu me aparelho

Para em calma e sossego trabalhar.

 

O trabalho revigora;

Eu gozo, quando moirejo;

A fina aragem, que os vergéis explora,

Tem a doçura mágica de um beijo.

 

E nem o sol me faz medo:

Suporto‑o fresca e louçã.

Apenas, se em labor demais me excedo,

Levo no rosto as tintas da romã.

 

E sinto um gozo profundo,

‑ Que é a minha esplêndida messe,

Ao saber que sou útil neste mundo,

E alguém da minha proteção carece.

 

 

Em férias                
De castigo