Literatura Infantil (1880-1910)

 
Menu Obras                
Receios

2ª PARTE.

 

A MINHAS IRMÃS.

 

 

 

ONDE ESTÁ A PÁTRIA?

 

"É AQUI?" - Não, Lúcia; do outro lado - espera.

Essas terras, que vês, são velhos mundos:

A Europa, o templo, onde a ciência impera,

E a Ásia e a África, túmulos profundos.

 

"Túmulos?" - Sim, de séculos violentos,

Que hoje a ciência passo a passo explora:

Legendas, tradições e monumentos

De homens, que ao mundo deram leis outrora.

 

"E aqui ao Sul?" - A Austrália, aves estranhas;

Ilhas, que em bancos de coral se aprumam;

Minas de ouro; florestas e montanhas,

Que a caneleira e o sândalo perfumam.

 

"E a América?" - Ei-la, enfim, aos teus olhares:

A Oeste - elevações de enorme serra;

Espumejando a Leste, infindos mares,

E, entre palmeiras, linda, a nossa terra!

 

"Quero vê-la!... Meu Deus! é tão pequeno

O cantinho de terra, a que pertenço!"

- Como te enganas, Lúcia! O seu terreno

É quase igual à Europa; é grande, é imenso!...

 

E para mim é mais que o mundo inteiro,

Meu formoso Brasil, Pátria querida!...

Por ele eu quero ser forte e guerreiro,

Dar-lhe o meu sangue, consagrar-lhe a vida.

 

Quem me dera fosse eu já homem feito

Em altura, e saber,  e nobre entono,

Para abrigá-lo à sombra do meu peito

E elevá-lo da glória ao régio trono!

 

É aqui, irmãzinha: olha o torrão fecundo,

A cuja sombra o nosso Lar se abriga;

Neste círculo de ouro é o nosso mundo,

O altar augusto, a que a afeição nos liga.

 

E São Paulo, onde está? Não vejo nada

Neste globo tão liso e tão bonito?

Deixa-me ver a terra abençoada,

Onde nasceu nossa Mamãe, Carlito.

 

 

Menu Obras                
Receios