Literatura Infantil (1880-1910)

 
O medo                
Convivência Íntima

 

 

NO MAR.

 

TOALHAS verdes, alva espuma,

Areia branca sem fim,

E as ondas, que, de uma a uma,

Vêm quebrar-se ao pé de mim.

 

Longe, um barco leve, leve,

Cortando o espelho do mar,

Com velas brancas de neve,

Que o vento enfuna a cantar.

 

E o barco avança ligeiro

Num garbo de quem conduz

Gozo plácido e fagueiro

Das águas a flux.

 

Vem de outras terras e praias,

Que eu não conheço, e nem sei

Onde assentam suas raias,

Qual seu nome e sua lei.

 

No largo bojo profundo,

Que lindas cousas não traz!

Vem das plagas de outro mundo?

É mensageiro de paz?

 

Uma canção, doce e bela,

Voz de marinheiros, vem,

Numa toada singela,

Que afaga o peito e faz bem.

 

E eu sonho ignotos países;

Céus de esplêndido fulgor;

Vergéis de ricos matizes;

Rios de ingente rumor;

 

Cidades, palácios, quintas;

Sons de outra língua; outra voz;

Decorações de áureas tintas,

E outros povos como nós...

 

E a visão prende-se a vista...

E eu sonho - crescer... crescer...

E, olhos de sábio e de artista,

Por todo o mundo estender.

 

 

O medo                
Convivência Íntima