Literatura Infantil (1880-1910)

 
A volta ao lar                
Prece

 

 

AVÔ.

 

ROSTO de velho a trescalar meiguice

Dos lábios, da expressão, dos olhos francos;

Alma de avô, que sente a meninice

Voltar-lhe a rir sob os cabelos brancos.

 

Entre os netinhos meigos, contemplai-o:

Enche-lhe a face um resplendor de aurora,

E alegria e afeição - trêmulo raio

De sol, que ao fim do dia os céus colora.

 

Há que tempo se foram risos, graças

Da juventude, rápidos, voando!

E as fibras, sem calor, penderam lassas,

E o desânimo veio brando e brando...

 

Foi-se-lhe tudo o que sonhara, tudo:

Aspirações, ideal, ledas quimeras;

E ele quedou-se frio, o olhar desnudo

Das miragens e sonhos de outras eras.

 

Onde morava o riso, veio o pranto;

E a robustez dos músculos em breve

Foi-se afrouxando mole, e, todo o encanto

Da vida se desfez em fumo e neve.

 

No entanto, ei-lo a sorrir todo ternura;

Ei-lo desfeito em bençãos e carinhos,

- Espelho de antiquíssima moldura -

Reflete o gozo puro dos netinhos.

 

 

A volta ao lar                
Prece