Literatura Infantil (1880-1910)
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CUIDADOS MATERNAIS.
EXPOR minha filhinha ao sol ardente ‑
Mamãe diz que é um perigo:
Quero sentar‑me ao delicioso abrigo
Deste arbusto virente.
A sombrinha de seda cor-de-rosa
Torna a luz tão suave!...
No arvoredo palpita um ninho de ave
Sob a fronde cheirosa.
Meio‑dia. Um barulho de água viva
Cortando o fresco atalho
Do bosque, em fino leito de cascalho,
Marulhoso deriva.
Minha filhinha, a todo o encanto alheia,
Descança em meus joelhos;
E nos seus lábios doces e vermelhos,
Leve sorriso ondeia.
Pesa‑lhe o sono; já entreabre a custo
Os olhos sonolentos,
E adormecê‑la assim exposta aos ventos,
Causa‑me grande susto.
Tão melindrosa e frágil! Pobre anjinho!
Traz‑me em perpétuo anseio...
Quem me dera escondê‑la no meu seio
Em faixas de carinho!...
E conservá‑la assim ‑ meu sonho eterno ‑
No íntimo do peito,
E de amor construir‑lhe o níveo leito
No coração materno!...
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