Literatura Infantil (1880-1910)
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O
Pássaro Cativo Armas, num galho de árvore, o alçapão; E, em breve, uma avezinha descuidada, Batendo as asas cai na escravidão. Dás-lhe então, por esplêndida morada,
A gaiola dourada; Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos,
e tudo: Porque é que, tendo tudo, há de ficar
O passarinho mudo, Arrepiado e triste, sem cantar ? É que, crença, os pássaros não falam. Só gorjeando a sua dor exalam, Sem que os homens os possam entender ;
Se os pássaros falassem, Talvez os teus ouvidos escutassem Este cativo pássaro dizer:
“Não quero o teu alpiste ! Gosto mais do alimento que procuro Na mata livre em que a voar me viste; Tenho água fresca num recanto escuro
Da selva em que nasci; Da mata entre
os verdores,
Tenho frutos e flores,
Sem precisar de ti ! Não quero a tua esplêndida gaiola ! Pois nenhuma riqueza me consola De haver perdido aquilo que perdi ... Prefiro o ninho humilde, construído De folhas secas, plácido, e escondido Entre os galhos das árvores amigas ...
Solta-me ao vento e ao sol ! Com que direito à escravidão me obrigas
? Quero saudar as pompas do arrebol !
Quero, ao cair da tarde, Entoar minhas tristíssimas cantigas ! Por que me prendes ? Solta-me covarde ! Deus me deu por gaiola a imensidade: Não me roubes a minha liberdade ...
Quero voar ! voar ! ... “ Estas cousas o pássaro diria,
Se pudesse falar. E a tua alma, criança, tremeria,
Vendo tanta aflição: E a tua mão tremendo, lhe abriria
A porta da prisão ... |
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