Literatura Infantil (1880-1910)
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O remédio
Chora,
tem febre, delira; Em
casa, está toda gente Aflita,
e geme, e suspira. Chega
o médico e a examina. Tocando
a fronte abrasada, E
o pulso da pequenina, Diz
alegre: “Não é nada! Vou
lhe dar uma receita. Amanhã,
o mais tardar, Já
de saúde perfeita Há
de sorrir e brincar.” Vem
o remédio. Amelinha grita,
faz manha, esperneia: “Não
quero!” O pai se avizinha, Mostrando-lhe
a colher cheia:
“Toma
o remédio, querida! Dar-te-hei
como recompensa, uma
boneca vestida De
seda e rendas, imensa...”
—“Não
quero!” Chega a titia: “Amélia
é boa, não é? Se
fosse boa, teria Toda
uma arca de Noé...”
—“Não
quero!” Livros
de figuras cheios, Um
vestido de veludo, Brinquedos,
jóias, passeios...
Teima
Amelinha. faz manha. E
diz o pai, já com tédio: —“
Menina! você apanha, Se
não toma este remédio!” E
nada! a menina grita, Sem
querer obedecer. Mas
nisto, a mamãe aflita, Põe-se
a gemer e a chorar.
Logo
Amelinha, calada, Mansa,
acolher segurando, Sem
já se queixar de nada, Vai
o remédio tomando.
—“Então?
mau gosto sentiste?” Diz
o pai... E ela, apressada: —
“Para não ver mamãe triste, Não
sinto mau gosto em nada!” |
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