Literatura Infantil (1880-1910)
Jaquetas para serviço,
Fraques de bolso postiço,
Calças, roupas domingueiras,
Coletes com algibeiras,
Paletós-sacos de alpaca,
Rabona ou sobrecasaca,
Blusa, capa, sobretudo,
Casaca de rabo, - tudo
Sabia fazer com arte
O alfaiate Brás Duarte.
Roupas velhas consertava,
Diminuía, alargava,
Se aparecia um rasgão,
Ou se caía um botão
De diante ou de detrás,
Vinha com agulha o Brás,
Enfiava-a, dava um ponto,
Dava uma laçada e ... pronto!
De sua casa defronte,
Havia um rio: uma ponte
De tábuas o atravessava
A água espumava... estrondava...
O Chico e o Juca engredaram
Nova maldade: serraram
Raque...raque... a ponte estreita,
E foram se pôr à espreita.
Depois, numa gritaria:
<<Cosedor de fancaria!
Sai, alfaiate caipora!
Cara de bode! pra fora
Mé! mé! mé >> - Ora o coitado,
Que tudo sofre calado,
Apenas sofrer não pode
Que o chamem cara de bode...
Empunha o côvado... À
ponte
Voa, escutando defronte,
Os dois, de uma moita ao pé
<<Cara de bode! mé! mé!>>
Chega à ponte. Mas... traraque!
Quebra-se a tábua. Que baque!
E os dois: << mé!
mé! mé!>> e Brás
Bumba! n´água... Catatraz!
Eis justamente que um par
De gansos vem a nadar...
O Brás, pra não
ir À garra,
Às pernas deles se agarra,
Às penas deles se aferra,
E vai voando pra terra.
Mas dessa maneira,
Não pensem que é brincadeira...
O pobre do Brás que o diga:
Que horrenda dor de barriga!
Porém, por felicidade,
Tinha grande habilidade
A esposa de mestre Brás:
Pegou do ferro, e zás-trás!
Deu-lhe uma engomação
forte,
E o Brás escapou da morte.
Foi a terceira dos dois...
Houve outra logo depois: