Literatura Infantil (1880-1910)

 
Primeira Travessura                
Terceira Travessura

 

Segunda travessura

Custou... enfim à alma
Da viúva voltou a calma.
Põe-se a pensar comovida:
- << Não posso mais dar a vida
Aos defuntos que tão cedo
Se foram deste degredo...
Que ao menos passam, assados,
No estômago sepultados,
Descansar de tanta mágoa! >>
- E enchendo-se-lhe os olhos d´água,
Vendo no fogão, sem penas,
Aquelas aves serenas,
Aqueles entes que, outrora,
Da vida ainda na aurora,
Ciscavam com ar jovial
No jardim e no quintal!

Chora a viúva com dó...
E assiste a tudo o Totó.
Mas o Juca, lambareiro,
Diz ao Chico: << Companheiro!
´Stá cheirando a frango assado...
Subamos para o telhado! >>

E sobem pé ante pé,
E olham pela chaminé,
E vêem lá embaixo as galinhas
Sem pescoço, coitadinhas,
Chiando na caçarola...
E que bom cheiro se evola!

Ora, com um prato na mão,
Desce a viúva ao porão,

Vai-se embora; e, sem cautela,
Deixa no fogo a panela.
Junto ao fogão, fica só
O vigilante Totó.
Se ela visse que perigo!
- Não se descuida o inimigo:
O Chico, que o prato cheira,
Tira um anzol da algibeira.

E zás! Na ponta da linha
Vem a primeira galinha...
E desce o anzol outra vez...
Cá estão duas! cá estão três!
Cá está o galo! - E, enquanto isso,
Num susto, num rebuliço,
Num pressentimento mau,
Ladrava o cão: Au! au! au!

Mas, o crime consumado,
Já velozes, do telhado,
Desce o Juca, o Chico desce,
E vão-se, antes que comece
A grita da cozinheira,
Que volta alegre e lampeira,
E fica pálida e fria
Vendo a panela vazia:

Vazia!... Foram-se as aves!...
<<Totó>> - diz a viúva Chaves-

<< Ladrão! De ti vou dar cabo!
Espera, cão do diabo!>>

E, com a colher de pau,
Sova o cachorro...<< Au! au! au!>>
Grita ele, como o holandês,
Pagando o mal que não fez.

E os culpados da ação feia
Dormindo, com a pança cheia,
- Tão cheia que se relaxa,
Tão cheia que quase racha!...

Foi a segunda dos dois...
Houve outra, logo depois:

Primeira Travessura                
Terceira Travessura