Literatura Infantil (1880-1910)

 
Convivência Íntima                
Preguiça e diligência

 

 

AMIGOS POR TODA A PARTE.

 

MANHÃ de primavera:

Nos ares voa um cântico festivo ‑

Leve rumor de voz, barulho vivo,

Ao sol, que reverbera.

 

Tudo verde e cheiroso!

Longes florestas, próximas campinas,

E, em tudo, a palpitar como asas finas,

Um frêmito de gozo.

 

Por toda a parte flores!

Áureas, roxas, azuis, brancas, vermelhas...

E, em zumbidora orquestra, andam abelhas

Correndo os arredores.

 

Gorjeiam passarinhos...

E Lídia vai seguindo alegremente,

Num bem‑estar de espírito contente,

Ao longo dos caminhos.

 

Orla, um ribeiro, a mata,

Alvo, entre margens de veludo eterno;

O gaio azul do céu de um brilho terno

Nas águas se retrata.

 

Serena paz bendita,

Como um perfume, estende‑se por tudo...

E, olhos abertos, cauteloso e mudo,

Fiel a cauda agita.

 

E os olhos tão suaves

De Lídia, e os doces lábios cor-de-rosa,

Riem‑se à luz do sol, fina e radiosa,

E ao cântico das aves.

 

 

Convivência Íntima                
Preguiça e diligência