Literatura Infantil (1880-1910)
![]() |
![]() |
O BoiQuando
ainda no céu não se percebe a aurora, E
ainda está molhando as árvores o orvalho, Sai pelo campo afora O boi, para o trabalho. Com que calma obedece! Caminha sem parar: E o sol, quando aparece, Já
o encontra, robusto e manso, a trabalhar.
Forte
e meigo animal! Que bondade serena Tem
na doce expressão da face resignada! Nem
se revolta, quando o lavrador, sem pena, Para
o instigar, lhe crava a ponta da aguilhada.
Cai-lhe
de rijo o sol sobre o largo cachaço; Zumbem
moscas sobre ele, e picam-no sem dó; Porém,
indiferente às dores e ao cansaço, Caminha
o grande boi, numa nuvem de pó.
Lá
vai pausadamente o grande boi marchando... E,
por ele puxado, Larga
e profundamente o solo retalhando, Vai o possante arado.
Desce
a noite. O luar fulgura sobre os campos. Cessa a vida rural. Há
estrelas no céu. Na terra há pirilampos. E o boi, para dormir, regressa ao seu curral... |
![]() |