Apresentação do Prof. Marcelo Buzato no II Colóquio Internacional Antropocénico, Biopolítica e Pós-Humano, organizado por Davide Scarso, José Luís Câmara Leme, e Atilio Butturi Junior. Realizado pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa e Programa de Pós-Graduação em Linguística da UFSC. Lisboa, 26 e 27 de setembro de 2019. Para mais informações, você pode visitar o site ou a página do Facebook


Resumo: Uma implicação importante do Antropoceno (e do pós-humanismo) para os estudos da linguagem é que a perda da excepcionalidade do Humano em relação aos demais seres da “natureza” implica o enfraquecimento da posição da língua(gem) como elemento distintivo e hierarquizante entre nós e nossos outros não humanos. Derivada disso, nos é colocada a pergunta sobre como renegociar o conceito de língua(gem) de tal modo a abarcar o modo como os seres humanos e não humanos negociam sentidos no que agora vemos como uma mesma história. Trago para este evento duas ideias que considero promissoras. A primeira, do filósofo e ecologista David Abraham, é a de que nossa língua é a mesma língua dos bichos e das coisas quando nos atemos à sua força expressiva, e não à camada de significados abstratos fixados por convenção na língua saussuriana. A segunda, trazida do materialismo relacional de Bruno Latour, é a de que precisamos de uma língua que nos permita estabelecer um diálogo ético com Gaia. Tal língua seria composta por representações artísticas e sistemas de sensoriamento cibernético capazes de nos afetar emocionalmente e racionalmente. Ilustro com exemplos de pesquisas e textos/imagens compatíveis como essas duas direções.