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História

Saiba um pouco mais sobre o percurso da licenciatura na Unicamp

A criação da área de Português como Língua Segunda/Língua Estrangeira na Unicamp aconteceu ainda no início dos anos 1970, juntamente com a criação da própria universidade. O fundador, Zeferino Vaz, tinha o objetivo de formar um corpo docente de várias partes do mundo e, para isso, implementou políticas linguísticas para que esses professores aprendessem o português enquanto trabalhassem na instituição.

Neste contexto, o primeiro curso de português na Unicamp aconteceu no Centro de Linguística Aplicada (CLA), na época parte do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), em 1977. O curso foi realizado em cinco semanas e buscou ensinar português para doze professores da Unicamp de origens variadas. As professoras Maria do Amparo Barbosa de Azevedo, Danielle Grannier-Rodrigues e Linda El-Dash, do CLA, ficaram responsáveis pela criação de materiais didáticos para o curso. 

Por conta das reflexões ocasionadas pela experiência de ensino, as professoras perceberam a necessidade do desenvolvimento de cursos próprios para falantes de línguas tipologicamente próximas do português, que dessem conta das especificidades do contexto. Assim, a Unicamp se tornou pioneira nos estudos de português para falantes de espanhol. 

Nesse período, a área contou com diversas produções e investimentos, especialmente por ser considerada central no processo de internacionalização da universidade.

Em 1979, a Unicamp sediou o primeiro seminário de português para estrangeiros no Brasil, organizado pelas professoras Angela Kleiman, coordenadora do CLA, e Danielle Grannier-Rodrigues, coordenadora de PLE, a programação do evento pode ser vista na imagem ao lado.

Em relação ao ensino, a Unicamp continuou oferecendo cursos gratuitos a alunos e professores estrangeiros, o que se fortaleceu ainda mais com a criação do Centro de Estudos de Língua (CEL), em 1986. Hoje, há disciplinas curriculares para a graduação em três níveis distintos (básico, intermediário e avançado), além de grupos específicos para falantes de espanhol e de demais oferecimentos, como extensão.  A universidade já recebeu alunos do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) e ofertou cursos a alunos haitianos pelo Programa Emergencial Pró-Haiti, sob a coordenação da professora Matilde Scaramucci.

Também através da atuação da professora Matilde, a Unicamp foi uma das primeiras instituições universitárias a ter uma matéria específica de formação em português segunda língua/língua estrangeira (PL2/PLE). Esta disciplina, depois desmembrada em duas, visava refletir sobre o ensino e a pesquisa em PL2/PLE, trabalhando a teoria e a prática.

Quanto à pesquisa, houve a criação da Sociedade Internacional de Português Língua Estrangeira (SIPLE), ocorrida no III Congresso Brasileiro de Linguística Aplicada, na Unicamp, em 1992. Com isso, vieram outros eventos, seminários e projetos, que contaram com a participação de professores como Itacira Araújo Ferreira, Ana Cecília Cossi Bizon e Elizabeth Fontão do Patrocínio.

Entre estas iniciativas, havia a implantação de uma biblioteca exclusiva com materiais de PLE e também do Exame de Proficiência em Português para Estrangeiros (EPPE). Elaborado pela professora Matilde Scaramucci, este exame foi o embrião para o Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras), oficializado em 1994 pelo Ministério de Educação (MEC), e, desde então, aplicado também na Unicamp.

Outros professores do IEL vêm contribuindo na área em diálogo com o MEC e o Ministério das Relações Exteriores (MRE). Entre eles, destaca-se Terezinha Maher com trabalhos educacionais e de políticas linguísticas em contexto indígenas, com a elaboração de materiais didáticos, diretrizes e cursos. Também vale citar o Programa Mais Médicos, que contou com a professora Ana Cecília Cossi Bizon no acolhimento e avaliação em língua portuguesa. Além disso, em nível local, a Unicamp ofertou bolsas voltadas ao PLE para o Programa Idiomas Sem Fronteiras (IsF) – Português. Atualmente, há o oferecimento de disciplinas específicas aos ingressantes indígenas.  

Diante de todas essas experiências, viu-se a necessidade e a possibilidade de criar a licenciatura em PLE, que começou a ser pensada em 2009 pela professora Matilde Scaramucci. Após um longo processo, a proposta foi submetida à Congregação do IEL em 2013, aprovada por unanimidade para ser implementada em 2015. Considerava-se o processo de internacionalização das universidades brasileiras, o crescimento do Brasil no cenário mundial na época e o aumento da presença de imigrantes em solo brasileiro, especialmente de países latino-americanos. O objetivo, currículo e estrutura da licenciatura podem ser encontrados aqui.

O texto acima se baseia no seguinte capítulo:

SCARAMUCCI, M. V. R.; BIZON, A. C. O PLE na Unicamp: da implantação da área à formação de professores. In: SCARAMUCCI, M. V. R.; BIZON, A. C. (Org.). Formação inicial e continuada de professores de Português Língua Estrangeira/Segunda Língua no Brasil. Araraquara: Letraria, 2020.