Coordenadoras:  Marie-Lou Lery-Lachaume (marieloulerylachaume@yahoo.fr) e Marina Guitti de Souza (marinaguittis@hotmail.com)

Em dado momento do seu caminho de defensor da linguagem ordinária, Wittgenstein convidou quem o lia a retornar ao “solo áspero das práticas”. No ano de 2024, propomos um retorno ao solo áspero, fragoso, mas também eminentemente vivo da prática psicanalítica, que sempre foi o chão do Elipsi. Ali, onde o extraordinário da linguagem de repente jorra, um desejo de transmissão palpita.

Nessa perspectiva do extraordinário emergindo nas asperezas da clínica, articularemos a apresentação de um caso atendido no Elipsi com a discussão dos textos indicados na bibliografia específica do ano 2024, além dos textos fundadores da literatura psicanalítica.

Todas as reuniões serão realizadas de forma presencial, ne sede do Elipsi, no IEL/Unicamp.

Para ingresso como participante do Elipsi: Nina Leite (F: 19 99765 4772 ou e-mail: nvirginia@uol.com.br)

O ingresso de novos participantes se dará a partir de um processo composto de duas entrevistas que serão realizadas por membros do Elipsi, com o objetivo de avaliar de quais atividades o interessado pode participar.

As reuniões do Elipsi ocorrerão mensalmente, das 13:30h às 15:00h.

Datas das reuniões do primeiro semestre de 2024 (presenciais): 08/03; 05/04; 03/05; 14/06.

Lembrando que:

O Elipsi tem por objetivo amplo promover o estudo e a discussão sobre as patologias na infância e a estruturação subjetiva; delimita neste momento o seu interesse nos estudos e atendimento precoce de crianças com dificuldades na função da fala e no campo da linguagem.

O desenvolvimento conjunto de atividades de estudos e atividades clínicas visa abordar os conceitos psicanalíticos a partir de questões sobre os aspectos clínicos, éticos e práticos. Nesse sentido, o Elipsi também oferece, eventualmente, cursos de extensão, nos quais visa abrir a discussão de temas sobre o infantil, a criança e a linguagem no campo da psicanálise.

A prática clínica tem como diretrizes básicas:

  1. Intervir precocemente e possibilitar o acesso da criança, e seus pais, a um tratamento psicanalítico. As possibilidades de atendimento são priorizadas para crianças de até seis anos de idade.
  2. Oferecer assessoria aos trabalhos realizados com crianças em instituições.

Os atendimentos de crianças são oferecidos por participantes do Elipsi considerados em condição de realizar essa prática, ou seja, que já tenham um percurso de formação psicanalítica que envolva a análise pessoal.

As modalidades de atividades dos participantes do Elipsi são as seguintes:

  • Atendimento clínico: restrita para os participantes que já tenham um percurso de formação psicanalítica.
  • Atividade de estudos: é aberta a todos os participantes. Tem por objetivo a discussão de textos que fundamentem teoricamente a clínica com crianças e que partam da discussão de sua prática.
  • Discussão clínica: atividade para os participantes que realizam atividade clínica. Discussão de questões surgidas a partir dos atendimentos clínicos realizados, ou de casos da literatura psicanalítica.
  • Supervisão e atendimento clínico: os participantes que se encarregarem de atender os casos necessariamente deverão, em algum momento, realizar supervisão e posteriormente levar para a reunião de discussão de casos. Não ficará determinado previamente qual será o supervisor, uma vez que a supervisão se faz pela e na transferência. O que é importante é que o grupo escutará os efeitos da supervisão para a condução daquele caso. Nesse sentido, o participante encarregado do atendimento do caso poderá escolher um supervisor de fora do Elipsi. A supervisão é individual. Todos que realizam atendimentos precisam agendar a supervisão com o supervisor escolhido em horários fora dos espaços de reunião.

Bibliografia (textos fundadores):

  • “Análise de uma fobia em um menino de cinco anos”, Freud, 1909.
  • “Os complexos familiares na formação do indivíduo”, Lacan, Outros Escritos;
  • “Nota sobre a criança”, Lacan, Outros Escritos;
  • “Crianças na psicanálise: clínica, instituição, laço social”, Angela Vorcaro;
  • “A Primeira Entrevista em Psicanálise”, Maud Mannoni;
  • “O brincar e a realidade”, D.W. Winnicot;

Além dos “textos fundadores” acima referidos, a bibliografia específica deste ano 2024 entrelaça fragmentos das referências a seguir:

Bibliografia específica:

Clínica:

  • Sabina Spielrein, “A origem das palavras infantis “papai” e “mamãe”: algumas observações sobre diversos estágios no desenvolvimento da linguagem. In: Sabina Spielrein: Uma pioneira da psicanálise, Obras completas, volume 2, org. Renata Udler Cronberg. Trad. Renata Dias Mundt, Blucher, 2021.
  • Sándor Ferenczi. “Confusão de língua entre os adultos e a criança”. Trad. A. Cabral. In Psicanálise IV. São Paulo: Martins Fontes, 1992 (original publicado em 1933).
  • Françoise Dolto, « Cure psychanalytique à l’aide de la poupée-fleur ». Revue française de Psychanalyse, n°1, janvier-mars 1949.
  • Jean Allouch, Letra A Letra: Transcrever, Traduzir, Transliterar, Trad. Dulce Duque Estrada, Companhia de Freud, 1995.
  • Jean-Michel Vives et Isabelle Orrado, Autismo e mediação: Bricolar uma solução para cada um, Aller Editora, 2021.

Literatura:

  • Gloria Anzaldúa. Borderland/La frontera: The New Mestiza, Aunt Lute Books, 1986/1999.
  • Hélène Cixous, Ève s’évade, la ruine et la vie, Galilée, 2009.
  • Sylvia Molloy, Vivir entre lenguas, Eterna Cadência, 2016.
  • Itamar Viera Junior, Torto Arado (incipit), Todavia, 2019.

Ensaios em Linguagem, Linguística e afins…:

  • Gilles Deleuze, “Schizologie”, Prefácio ao livro de Louis Wolfson. Le schizo et les langues Paris : Gallimard, 1970.
  • Jacques Derrida, “Des tours de Babel”, in Psyché, Galilée, 1986/1998. / Torres de Babel. J. Barrento, Belo Horizonte: UFMG, 2006.
  • Roland Barthes, “O corpo da música”, O Óbvio e o obtuso, Ensaios críticos III, Trad. Léa Novaes, Ed. Nova Fronteira, 1990.
  • flores, valeria. Deslenguada: desbordes de una proletaria del lenguaje, Neuquén, Ají de pollo, 2010.
  • Maria Fausta Pereira de Castro, “The acquisition of the mother tongue in between languages / A aquisição da língua materna entre línguas”, Est. Ling., Campinas, v.65, 2023