Palestra de abertura das atividades 2024

22/03/24 – 13H30 – Anfiteatro do IEL

Imagem, fantasmagoria, espectralidade: percepções do (in)visível

Tadeu Capistrano

(transmissão pelo Youtube)

Tadeu Capistrano é professor do Departamento de História da Arte e do Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde se dedica aos estudos de imagem e campos afins. Também é coordenador da Coleção ArteFíssil, da editora Contraponto, especializada em livros sobre arte, imagem e mídia.


Grupos de estudos, pesquisa e trabalho – 2024

1-) ENTRE SINGULAR E COMUM: MODOS DE NOMEAÇÃO (NOVO!! VEJA NOTA ABAIXO)

Responsáveis: Carla Rodrigues (carla.ifcs@gmail.com)  e Suely Aires (suely.aires7@gmail.com)

Descrição: Nosso objetivo é percorrer alguns textos que já se debruçaram, direta ou indiretamente, sobre o tema da singularidade, a fim de pensar numa dobradiça entre singular e comum, considerando as reivindicações, em diferentes autores e autoras, de que é preciso encontrar outros modos de formar comunidade. Nessa dobra entre singular e comum, pretendemos refletir a respeito dos significantes que atravessam essa discussão e, muitas vezes, operam como interdições para a conversa. Nosso ato de “contrabando” é apostar na hipótese de trazer outros significantes para o debate.

Serão quatro encontros de trabalho, sendo 2 no primeiro semestre e 2, no segundo semestre

Dia e horário: quarta-feira às 14h-16h, online.

Datas: 17/04, 22/05, 28/08, 25/09

Inscrições: enviar email às coordenadoras do grupo

NOTA: Considerando a procura pela grupo e o limite de vagas, informamos que receberemos e-mail dos/as interessados/as até a data de 31/03. Uma resposta definitiva quanto à participação será dada por e-mail no dia 03/04 com indicação de leituras para o encontro do dia 27/04 e link para acesso à atividade.

Bibliografia:

BUTLER, Judith. “Preservar a vida de outrem”. IN: A força da não violência. Trad. Heci Regina Candiani. São Paulo: Boitempo, 2021.
________. Judith. “Contra a violência ética”. IN: Relatar a si mesmo. Trad. Rogério Bettoni. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.
LACAN, Jacques. “Há-um”. IN: Seminário 19: … ou pior. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.
______. “História de Uns”. IN: Seminário 19: … ou pior. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.
MBEMBE, Achille. “Diferença e autodeterminação”. IN: Crítica da razão negra. Trad. Sebastião Nascimento. São Paulo : n-1 Edições, 2019.
______. “Anti-identidade”. IN: Brutalismo. Trad. Sebastião Nascimento. São Paulo : n-1 Edições, 2021.
______. “A sociedade da inimizade”. IN: Políticas da inimizade. Trad. Sebastião Nascimento. São Paulo : N-1 Edições, 2021.
______. “A ética do passante”. IN: Políticas da inimizade. Trad. Sebastião Nascimento. São Paulo : N-1 Edições, 2021.
MILNER, Jean-Claude. Os Nomes Indistintos. Trad. Procópio Abreu. São Paulo : Cia de Freud, 2006.


2-) CIFRA, IMAGEM, VAZIO; TRANSFIGURAÇÃO

Em 2024 esse grupo teve suas atividades suspensas até Agosto quando redefiniremos os próximos passos de leitura.

Grupo proponente: Adeane Fleury, Carlota Zilberleib, Gabriel Lima de Oliveira, Gloria Carvalho, João Paulo Ayub Fonseca, Maria Letícia de Oliveira Reis, Nina Virgínia de Araújo Leite, Ricardo Pacheco, Tamara Pellizzari Ferrari.

Encontros às quartas – a partir de Agosto/2024 (oportunamente serão divulgadas as diretrizes para os próximos passos do trabalho)

Horário: 13:30 às 15:00 por Zoom
Interessados devem enviar mensagem para ricardoazevedopacheco@yahoo.com.br 


3-) TEMPO PARA LITERATURA

 Coordenação: Conceição Azenha (cissazenha@gmail.com), Gloria Monteiro de Carvalho (gmmcarvalho@uol.com.br); Newton Freire Murce Filho (newtonmurce@yahoo.com.br ), Iaraci Advincula (iaraciadvincula@gmail.com); Carlota Zilberleib (carlotazilberleib@gmail.com), Gabriel Lima de Oliveira (limadeoliveira.g@hotmail.com), Silvana Matias Freire (silvanaf@ufg.br)

Daremos continuidade aos estudos do grupo, em atividade desde 2019. Nos encontros, fazemos a leitura de uma obra da Literatura e, em um segundo momento, uma obra da psicanálise, buscando articulações possíveis. Nesse período, lemos:  O espelho (de Machado de Assis); Capote (de N. Gogol); A terceira margem (de Guimarães Rosa), Alice através do espelho (Lewis Carroll); Bartelby (de H. Melville); Um nenhum e cem mil (de Pirandello), O Aleph (de Jorge L. Borges). No momento, estamos terminando A tempestade, de Shakespeare e, brevemente, começaremos nova leitura.

A novidade para este ano de 2024 é que faremos da coordenação uma responsabilidade de todos os atuais membros do grupo, além de permitir a entrada de novos membros.

Datas: 23/03, 27/04, 25/05, 29/06, 27/07, 31/08, 28/09, 26/10. (sábados após as reuniões do Outrarte)

Horário:  das 9h às 10h e das 10h30 às 11h30.

Forma remota: via Google Meet

Bibliografia inicial e que será acrescentada pelo grupo ao final da leitura que vimos fazendo de:

SHAKESPEARE, W. A tempestade. Companhia das Letras: 2022.
FREUD, S. O incômodo.

Os interessados em participar deste grupo, devem encaminhar email a um de seus coordenadores até 22/03/24.


4-) SEMINÁRIO ENTRE

Encontros mensais às sextas-feiras – 13:30 às 15:30 hs

Cláudia Thereza Guimarães de Lemos

Nina Virgínia de Araújo Leite

Dando continuidade ao trabalho realizado ao longo dos últimos anos em que temos realizado a leitura passo a passo do texto “O aturdito” de Jacques Lacan, propomos a sua finalização em quatro encontros a serem realizados no primeiro semestre.

Dias de encontros: 15/03; 12/04; 10/05; 07/06.

Interessados devem enviar mensagem para nvirginia@uol.com.br.


5-) A AUTOBIOGRAFIA DEPOIS DE FREUD: CAPÍTULO-CIXOUS

Coordenação: Flavia Trocoli (UFRJ-CNPq-FAPERJ)
Email: flavia.trocoli@gmail.com

 Oh! se não fosse a vontade dos deuses e a nossa cegueira,/Troia estaria de pé

(versos da Eneida, de Virgilio, tradução de Carlos Alberto Nunes, ligeiramente abreviados por mim)

Em 2023, o Grupo passou por uma suspensão de suas leituras em torno das questões suscitadas pela escrita de Hélène Cixous para se deter, ao lado de Markus Lasch e de Priscila Matsunaga, em Sófocles e em Shakespeare. Em 2024, partiremos de uma formulação de Cixous para lermos seu último livro publicado – Incendire:qu’est-ce qu’on emporte?, 2023. Pois bem, explicitemos esse detrito que nos conduzirá em nossa aventura arqueológica, ele foi recolhido de Philippines: prédelles, 2009. Escutemos: “Receber (recevoir) é ressaber (resavoir) o que soubemos de outro modo em outro tempo. É ver retornar um tempo desaparecido” (Cixous, 2009, p.35). Assim, tomaremos Incendire como nosso sítio arqueológico para cavarmos as letras que escrevem uma história que não é a do Eu, mas do próprio movimento de leitura que a literatura de Cixous encena, secrecitando, em camadas, o incêndio em Arcachon em 2022, em Troia, em Pompeia, em Osnabrück, em Dresden, em Varsóvia e, com isso, buscando dar às cinzas um endereço. Como receber esse aviso de incêndio? Fazendo o trabalho de busca dos fragmentos das Gradivas, a de Jensen e a de Freud, de Mal de arquivo, de Jacques Derrida, de Esparsas, de Georges Didi-Huberman e de Quem escreverá nossa história? Os arquivos secretos do gueto de Varsóvia, de Samuel Kassow.

Bibliografia recomendada:

(os fragmentos em francês trabalhados nas reuniões serão traduzidos).

CIXOUS, Hélène. Philippines: prédelles. Paris: Galilée, 2009.

Incendire:qu’est-ce qu’on emporte? Paris: Gallimard, 2023.

DERRIDA, Jacques. Mal d’archive. Paris: Galilée, 1993.

                                  Mal de arquivo: uma impressão freudiana. Tradução: Cláudia de Moraes Rego. Rio de Janeiro, Relume Dumará, 2001.

DIDI-HUBERMAN, Georges. Arde la image. Oaxaca: Serieve, 2012.

Esparsas: viagem aos papéis do Gueto de Varsóvia. Tradução: Flavia Magalhães Taam. São Paulo: N-1 edições, 2023.

FREUD, Sigmund. Obras completas volume 8 – O delírio e os sonhos na Gradiva. Tradução de Paulo César Lima de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
JENSEN, Wilhelm. (1907) Gradiva: uma fantasia pompeiana. Tradução: Claudio Willer e Diogo Cardoso. São Paulo: 100/cabeças, 2003.
KASSOW, Samuel D. Quem escreverá nossa história? Os arquivos secretos do gueto de Varsóvia. Tradução: Denise Bottman. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
LEMOS, Cláudia Thereza Guimarães de. “Fragmentos de verdade e construção: uma questão da clínica e de sua transmissão para Freud.” In: LEITE, Nina & VORCARO, Angela. Giros da transmissão em psicanálise: instituição, clínica e arte. São Paulo: Mercado de Letras/FAPESP, 2009.
TROCOLI, Flavia. Hélène Cixous: escavar ruínas, ressuscitar a criança”, em Ruína: Literatura e pensamento. In: ALKIMIN, Martha Alkimin e FERRAZ, Eucanaã (orgs). Rio de Janeiro: Papéis Selvagens, 2023.
A lembrança de infância, a imagem-valise e a lalemã de Cixous. In: LASCH, M.; AIRES, S.; AZENHA, C.; e LEITE, N. Campinas: Mercado de Letras. O corpo na ponta de lalíngua. Campinas: Mercado de Letras. No Prelo.
TROCOLI, Flavia, & SOUZA, Renato de. “Sob as flores – Hélène Cixous reescreve inscrições apagadas de Proust, de Freud”. ALEA. Rio de Janeiro. vol. 24/3. p. 167-183 | set.-dez. 2022.
VIRGÍlIO. Eneida. Tradução: Carlos Alberto Nunes. Org. Apresentação e Notas: João Angelo Oliva Neto. São Paulo: Editora 34, 2021.

Encontros mensais, via Google Meet, sextas-feiras, de 10h às 11:30h, em: 22/03, em abril não haverá encontro deste Grupo, 24/05, 28/06, em julho não haverá encontro deste Grupo, 30/08, 27/09, 25/10.


6-) NOMEAR MONSTRONS, ESCREVER SAÍDAS

“[…] o questionamento da solidariedade entre o logocentrismo e o falocentrismo tornou-se hoje urgente – revelando o destino da mulher, seu soterramento – por ameaçar a estabilidade do edifício masculino que se fazia passar por eterno-natural; fazendo surgir, do lado da feminilidade das reflexões, hipóteses necessariamente desastrosas para o bastião que ainda detém a autoridade. O que aconteceria ao logocentrismo, dos grandes sistemas filosóficos, da ordem do mundo em geral, se a pedra sobre a qual sua igreja foi fundada se esfarelasse?” (Cixous, Héléne in Sorties, 1975, p 75 – tradução nossa)

Ao longo do último ano, o grupo Nomear monstros, escrever saídas se engajou em promover uma série de questões visando interrogar uma psicanálise orientada exclusivamente por um viés falo-logocêntrico. Ou seja, problematizando uma teoria que se suportaria na preservação do falo como significante último e, por consequência, de um pensamento “homem-centrado”. Dando continuidade a este trabalho, propomos para 2024 a leitura, tradução e discussão do texto de Hélène Cixous, Sorties (1975).

Algumas questões nos acompanham: é possível vislumbrar uma saída para isto que parece ser estrutural na ordem da linguagem? E o que seria, afinal, uma saída? Onde encontrá-la? Como construí-la? Ou ainda: com qual idioma poderemos, finalmente, escrevê-la?

Coordenadoras: Keylla Barbosa (keyllafb@yahoo.com.br), Marcela Maria Azevedo (marcelaazevedo@live.com) e Tainá Pinto (tainahop@gmail.com)

Datas: 12/04, 10/05, 14/06, 09/08, 13/09, 18/10

Horário: 14h

Encontro via googlemeet

Inscrições: enviar e-mail para tainahop@gmail.com

Referências Bibliográficas

Cixous, H. Sorties (1975). In : Le rire de la méduse : et autres ironies. Paris: Galilée, 2010.
Cixous, H. Le rire de la méduse (1975). In : Le rire de la méduse : et autres ironies. Paris: Galilée, 2010.
Cixous, H. Idiomas da diferença sexual. Coimbra: Palimage, 2018.
Derrida, J. O monolinguismo do outro. Ou a prótese de origem. Porto: Campo das letras, 2001.
Derrida, J. Cartão postal. De Sócrates a Freud e além. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2007.
Lacan, J. “A significação do falo” (1958). In: Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
Lacan, J. De um discurso que não fosse semblante (1971). Rio de Janeiro: Zahar, 2009.
Lacan, J. Mais, ainda (1972-1973). Rio de Janeiro: Zahar, 1985.


7-) ITINERÁRIOS E FIGURAÇÕES DO VOTO INFANTICIDA:DESTINO DA CRIANÇA MORTA

 Coordenação: Mariangela de A. Maximo Dias (mariangelaamd@uol.com.br)

As elaborações de Brun (1996) em torno dos efeitos psíquicos paradoxais da cura de crianças submetidas ao tratamento de câncer na infância constitui um estudo vigoroso da reanimação dos vestígios inconscientes do voto infanticida que habita o inconsciente. Esse estudo realizado concomitantemente ao acompanhamento longitudinal dos pais dessas crianças, além da própria criança, esbarra na constatação desconcertante de que a cura física da doença potencializa uma outra cena, a da dimensão de uma criança morta, isto é, a doença da criança ativa processos psíquicos inconscientes que atualizam o status precário da vida. No inconsciente, no entanto provoca a autora, não há lugar para a precariedade, trata-se de outra coisa. Brun destaca com acuidade que a experiência traumática da doença reanima nos pais o abismo entre a criança real, objeto de cuidados, e a criança da cena onírica em sua dimensão fantasmática que a criança real não consegue mais conter como hábil anteparo. São muitos os modos através dos quais essa dimensão se declina na vida psíquica e no trabalho analítico, a saber: a criança abandonada, a criança perdida, a criança morta, a criança não-nascida, a criança odiada, entre outros. O limiar da constituição do campo psicanalítico é já marcado pela repercussão da condenação à morte de uma suposta criança prestes a nascer. Stein (1979 apud Brun, 1996, p.93) recorda que Breuer abandonou o tratamento de Anna O quando ela apresentou manifestações de parto na transferência. Já Freud não recuou frente a constatação dos restos e ressonâncias na transferência e nos sonhos, da figura indelével da criança em sua majestade destinada à queda.

Freud ([1900] 1972), ao analisar o tópico dos sonhos típicos dedica sua atenção ao tema dos sonhos de morte de pessoas amadas. Dentre alguns exemplos relatados, o sonho da criança morta numa caixa leva a sonhadora a encontrar através das lembranças infantis a depressão de sua mãe que desejou ardentemente que a criança que ela estava gestando morresse, isto é, a própria sonhadora. A análise do sonho leva Freud a declarar que o desejo de morte da criança é gestado na infância e encontra seu despertar através de um desejo atual. Só a força do desejo infantil se constitui no capital do sonho. Cabe interrogar então: A que criança se dirige o voto infanticida que a análise do sonho traz à luz?

Leclaire (1977) afirma que há um desígnio a ser cumprido por cada um, um luto, uma criança a matar, sem o qual paira a ameaça de extinção do desejo. “Quem não cumpre, e refaz continuamente, este luto da criança maravilhosa que poderia ter sido permanece no limbo e na claridade leitosa de uma espera sem sombra e sem esperança; mas aquele que acredita ter, de uma vez por todas, ajustado as contas com a imagem do tirano afasta-se da fonte de sua genialidade, e julga-se um espírito forte frente ao reino do gozo” (p.11). Há um trabalho psíquico a cumprir que é impossível de ser alcançado em sua totalidade, mas impossível de ser evitado já que há restos nesse trajeto que cumpre serem reconhecidos.

O autor aponta que toda ordem familiar se encontra ancorada na figura da criança maravilhosa que fomos nos sonhos daqueles que nos conceberam ou que nos viram nascer. Não é suficiente matar os pais, pois é preciso ainda matar a representação narcísica do menino-rei. A fantasia “mata-se uma criança” desenterrada de forma laboriosa no trabalho analítico põe à prova “a constância da força de morte que nos mantém abertos ao discurso do desejo” (LECLAIRE, 1977, p. 13).

Contaremos ainda nesse percurso com as reflexões de Bines (2022) acerca da presença do infanticídio na literatura. O exame das experiências liminares onde a convocação da criança morta cumpre nesse campo a função de dar contorno a um impossível de representar, não são alheias a reflexão que nos interessa quanto a demarcação dos resíduos, fragmentos, restos desse desejo originário que participa da constituição subjetiva.

Bibliografia:

ANSERMET, F. Clínica da origem: a criança entre a medicina e a psicanálise. Rio de Janeiro: Editora Contra-Capa, 2003.
BINES, R.K. Infância, palavra de risco. Rio de Janeiro: Numa Editora, 2022.
BRUN, D. A criança dada por morta: riscos psíquicos da cura. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1996.
CHATEL, M-M. Mal estar na Procriação, as mulheres e a medicina da procriação. Rio de Janeiro: Campo Matêmico. 1995.
FERENCZI, S. Confusão de línguas entre os adultos e a criança. In: Obras Completas de Sándor Ferenczi. São Paulo: Martins Fontes, 1992. v. IV. p. 97-106.
FREUD, S. ([1900] 1972) A interpretação dos sonhos. In: FREUD, S. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. v. 4. Rio de Janeiro: Imago, 1972.
_________. ([1982-93] 1987)) Um caso de cura pelo hipnotismo. In: FREUD, S. Edição Standard Brasileira das Obras psicológicas Completas de Sigmund Freud. V. 1. Rio de janeiro: Imago, 1987.
_________. (1907) Análise de uma fobia em um menino de cinco anos. In: FREUD, S. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. vol.10. Rio de janeiro: Imago, 1977.
_________. (1908) Sobre as teorias sexuais das crianças. In: FREUD, S. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund. vol. 9. Rio de Janeiro: Imago, 1976.
_________. (1913) O motivo da escolha dos cofrinhos. In: Obras incompletas de Sigmund Freud: Arte, Literatura e Os Artistas. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.
_________. (1914) Uma introdução ao Narcisismo. In: FREUD, S. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. vol. 14. Rio de Janeiro: Imago, 1974
_________. (1917[1915]) Luto e Melancolia. In: In: Obras incompletas de Sigmund Freud: neurose, Psicose, Perversão. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.
_________. ([1918] 1914) História de uma neurose infantil. In: FREUD, S. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. v.17. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
_________. (1931) Sexualidade Feminina. In: Obras incompletas de Sigmund Freud: Amor, Sexualidade, Feminilidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2018.
_________. (1933) Feminilidade. In: Obras incompletas de Sigmund Freud: Amor, Sexualidade, Feminilidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2018.
__________. (1937). Construções em análise. In: Obras incompletas de Sigmund Freud: Fundamentos da Clínica Psicanalítica. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.
LECLAIRE, S. Mata-se uma criança. Rio de janeiro: Zahar Editora, 1977.
POMMIER, G. O desenlace de uma análise. Rio de janeiro: Zahar Editora, 1990.

O grupo de trabalho ocorrerá mensalmente e a inscrição deve ser realizada com o coordenador da atividade: mariangelaamd@uol.com.br

Agenda de Encontros virtuais (GoogleMeet): 5/04; 19/04; 17/05; 21/06; 16/08; 20/09; 18/10

Horário: 10 às 11:30h


8 -) FRAGMENTOS DE UM CÉU INTEIRO: LER CLARICE LISPECTOR

 Responsáveis : Amanda Dib (amanda.dib12@gmail.com);  Leyliane Gomes (leylianegommes@gmail.com); Patrick Bange  (patrickbange@gmail.com)

Tentamos começar pela letra “a” posta em destaque no tema do Outrarte deste ano:

“H(a) céu aberto, singularidades quaisquer”. É também esta letra que Jacques Derrida insere em différance, distinguindo-a de différence, cuja diferença só se dá pela escrita, afinal, na língua francesa, são palavras homófonas. O ponto de interesse em começar por ela, esta letra intrusa, é o de caminhar pelo percurso da escrita e da leitura. Ao ler a letra “a”, pela via derridiana, somos conduzidos a um novo significante, que se atrela ao modo como a prática da leitura se dá, afinal, a différance poderá ser entendida como algo que nunca acontece, que é sempre postergado, que é empurrado para depois, que se desloca para o futuro. […] Ela estará no jogo de remissões com o outro, jogo a partir do qual as referências são constituídas, num devir permanente em que a identidade fixa é substituída pelos efeitos de um processo contínuo de deslocamento. (Rodrigues, 2013, p. 28).

Tomemos, então, a leitura como um processo contínuo de deslocamento, o que rasura a fixidez e promove diferenças. Como não lembrar da menina do conto “Felicidade clandestina”, de Clarice Lispector, que faz o livro, seu objeto tão esperado e desejado, se deslocar pela casa, de modo a fazer da leitura um encontro sempre inaugural, fresco, deslo(u)cado de qualquer lógica de posse. Assim, será que não poderíamos inserir esta prática de leitura por uma via metafórica: a leitura transitando um céu aberto, onde o começo, o fim e as margens estão invisíveis em um horizonte infinito? No entanto, o que resta legível é a letra, corpo que constitui a palavra e nos leva a ler o que ainda deverá ser lido. Para colocar em ato a materialidade da leitura, caímos – não podemos deixar de cair – no texto. Evocamos outro conto de Clarice: “O búfalo”. Para começar, o fim: “Em tão lenta vertigem que antes do corpo baquear macio a mulher viu o céu inteiro e um búfalo” (Lispector, 2016, p. 257). O desfecho do conto encerra o percurso da personagem pelo Jardim Zoológico, cujo interesse era o de aprender a odiar a partir do contato com o mundo animal, presumindo a suposta violência e ferocidade aí implicadas. Na caminhada entre as diversas jaulas que aprisionavam os bichos – ou espelhavam o próprio aprisionamento da personagem –, o gesto de olhar e ser olhada contorna o conto. A afirmação “a mulher viu o céu inteiro”, extraída do último período do conto, lança o leitor a um enigma. O artigo que define o substantivo “céu” bem como o adjetivo que o acompanha, “inteiro”, localizam a palavra no campo da completude e de um vocábulo que não deixa dúvidas sobre a sua identidade, ponto que o distingue e o afasta de “um búfalo”, cujo artigo indefinido rasura a singularidade e indetermina o animal. A adjetivação do búfalo resta vazia: ele não é “inteiro”, tal como o céu; ele não é mais “o búfalo negro” (Lispector, 2016, p. 254), tampouco “o grande búfalo” (Lispector, 2016, p. 256). Esse búfalo, que não é o búfalo do desfecho do conto, havia olhado os olhos da mulher. Antes, “Lá estavam o búfalo e a mulher, frente a frente.” (Lispector, 2016, p. 257).

É interessante também trazer a dúvida acerca do “um” enquanto numeral, pois não há um único búfalo. Agora indaguemos também “o céu inteiro”, afinal, pode-se falar em céu inteiro na literatura? Retomamos outra cena de Lispector, em O lustre, quando a personagem Virgínia está no trem após ter ido à cidade onde vivera sua infância. “Ah, o lustre. Ela esquecera de olhar o lustre. Pareceu-lhe que o haviam guardado ou então que não tivera tempo de procurá-lo com os olhos.” (Lispector, 2019, p. 280). E embora ela tivesse pensado que “o perdera para sempre”, em seguida o lustre ficara “pela primeira vez todo aceso” à semelhança de “o céu inteiro”. É interessante que neste instante entre o esquecimento e a perda, o lustre tenha se mostrado “todo aceso”. Então, se há “céu inteiro” e lustre “todo aceso” na literatura, resta ao leitor duvidar do que foi dado; multiplicar o que era único; deslocar o que era fixo.

A mulher do conto “O búfalo”, em plena queda de um amor idealizado que foi preciso deixar cair, vê, antes de passarmos à Legião estrangeira, livro de contos subsequente, “um céu inteiro” (Lispector, 2016, p. 257). Fechamos esse livro, abrimos o próximo, em que Sofia se despede do esperado para encontrar inesperadamente com o que sua escrita deixa como efeito: o tesouro esquecido, em sujos quintais, é também o efeito de leitura que sua escrita deixou no professor, seu leitor. Shoshana Felman, em “Sobrevivência postal: a questão do umbigo”, escreve, a propósito do ensino de Paul de Man, que “aqueles cuja vida e pensamento revolucionaram ‘o ensino da leitura’, aqueles cujo ensino tem sido dedicado a reformar o entendimento que é constitutivo daquilo que De Man chama de leitura, nos permitem discernir os modos pelos quais a linguagem nos faz fracassar, fazendo vacilar a expectativa que ela própria erige” (Felman, 2012, p. 22). A presente atividade, assim, se dará em formato de encontros mensais para a discussão de tais questões disparadas pela escrita de Clarice no que diz respeito à reflexão sobre os efeitos de leitura. Para isso, partiremos de contos e fragmentos de romances da autora em torno dessa questão: o fracasso, em sentido clariceano, isto é, isso que pode dar o que a construção não antecipou, que é a própria condição da leitura: uma queda em que o que cai faz deslizar o céu inteiro em céu aberto, abertura pela qual um leitor pede passagem.

Agenda do grupo:

26 de março: Apresentação da proposta e o conto “O búfalo”, de Laços de família (1960).
30 de abril: Conto “O búfalo”, de Laços de família (1960) e carta de Clarice para Tania Kaufmann, de Belém, de 8 de julho de 1944.
28 de maio: Capítulo “O banho”, de Perto do coração selvagem (1943).
25 de junho: Fragmentos selecionados de O lustre (1946).
30 de julho: Fragmentos selecionados de A hora da estrela (1977).
27 de agosto: Fragmentos selecionados de A cidade sitiada (1948).
24 de setembro: Conto “Os desastres de Sofia”, de A legião estrangeira (1964).
29 de outubro: Apresentação de propostas para o evento H(a) céu aberto, singularidades quaisquer.
27, 28 e 29 de novembro: Evento H(a) céu aberto, singularidades quaisquer.

Dia da semana / horário: Terças-feiras, das 18h às 20h.
Modalidade: on-line.
Inscrições: enviar e-mail a um dos responsáveis

Referencial bibliográfico

CIXOUS, Hélène. Three steps on the ladder of writing. Trad. Sarah Cornell; Susan Sellers. New York: Columbia University Press, 1993.
DERRIDA, Jacques. “A diferença”. Trad. Joaquim Torres Costa e António M. Magalhães. In: ______. Margens da filosofia. Campinas: Papirus, 1991.
______. Paixões. Trad. Lóris Z. Machado. Campinas: Papirus, 1995.
______. Uma certa possibilidade impossível de dizer o acontecimento. Trad. Piero Eyben. CERRADOS: Revista do Programa de Pós-Graduação em Literatura. UNB. v. 21 n. 33 2012, p. 229-251.
FELMAN, Shoshana. Sobrevivência postal, ou a questão do umbigo. TERCEIRA MARGEM: Revista do Programa de Pós-graduação em Ciência da Literatura. UFRJ. Ano XVI, nº 26, 2012, p. 17-44.
______. Shoshana Felman e a coisa literária: escrita, loucura, psicanálise. Trad. Lucia Castello Branco; Ruth Silviano Brandão. Rev. da Trad. Flavia Trocoli. Belo Horizonte: Letramento, 2020.
FERREIRA, Nadiá Paulo. Amor, ódio e ignorância: literatura e psicanálise. Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos Livraria e Editora/ Contra Capa Livraria/ Corpo Freudiano do Rio de Janeiro, 2015.
LISPECTOR, Clarice. “O búfalo”; “Os desastres de Sofia”. Todos os contos. p. 248-257; p. 261-279. Rio de Janeiro: Rocco, 2016.
______. A cidade sitiada. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
______. A hora da estrela: edição com manuscritos e ensaios inéditos. Rio de Janeiro: Rocco, 2017.
______. “Carta Belém, 8 de julho de 1944”. Todas as cartas. Rio de Janeiro: Rocco, 2020. p. 80-83.
______. O lustre. Rio de Janeiro: Rocco, 2019.
______. Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 2019.
RODRIGUES, Carla. Duas palavras para o feminino: hospitalidade e responsabilidade [sobre ética e política em Jacques Derrida]. Rio de Janeiro: Nau, 2013.
TROCOLI, Flavia. A inútil paixão do ser: figurações do narrador moderno. Campinas: Mercado de Letras, 2015.
______. Clarice Lispector, Hélène Cixous, e a miopia como procedimento. CURRÍCULO SEM FRONTEIRAS, v. 21, n. 2, p. 540-552, maio/ago. 2021.


9-) ELIPSI – ESPAÇO LINGUAGEM E PSICANÁLISE

Coordenadoras:  Marie-Lou Lery-Lachaume (marieloulerylachaume@yahoo.fr) e Marina Guitti de Souza (marinaguittis@hotmail.com)

Em dado momento do seu caminho de defensor da linguagem ordinária, Wittgenstein convidou quem o lia a retornar ao “solo áspero das práticas”. No ano de 2024, propomos um retorno ao solo áspero, fragoso, mas também eminentemente vivo da prática psicanalítica, que sempre foi o chão do Elipsi. Ali, onde o extraordinário da linguagem de repente jorra, um desejo de transmissão palpita.

Nessa perspectiva do extraordinário emergindo nas asperezas da clínica, articularemos a apresentação de um caso atendido no Elipsi com a discussão dos textos indicados na bibliografia específica do ano 2024, além dos textos fundadores da literatura psicanalítica.

Todas as reuniões serão realizadas de forma presencial, ne sede do Elipsi, no IEL/Unicamp.

Para ingresso como participante do Elipsi: Nina Leite (F: 19 99765 4772 ou e-mail: nvirginia@uol.com.br)

O ingresso de novos participantes se dará a partir de um processo composto de duas entrevistas que serão realizadas por membros do Elipsi, com o objetivo de avaliar de quais atividades o interessado pode participar.

As reuniões do Elipsi ocorrerão mensalmente, das 13:30h às 15:00h.

Datas das reuniões do primeiro semestre de 2024 (presenciais): 08/03; 05/04; 03/05; 14/06.

Lembrando que:

O Elipsi tem por objetivo amplo promover o estudo e a discussão sobre as patologias na infância e a estruturação subjetiva; delimita neste momento o seu interesse nos estudos e atendimento precoce de crianças com dificuldades na função da fala e no campo da linguagem.

O desenvolvimento conjunto de atividades de estudos e atividades clínicas visa abordar os conceitos psicanalíticos a partir de questões sobre os aspectos clínicos, éticos e práticos. Nesse sentido, o Elipsi também oferece, eventualmente, cursos de extensão, nos quais visa abrir a discussão de temas sobre o infantil, a criança e a linguagem no campo da psicanálise.

A prática clínica tem como diretrizes básicas:

  1. Intervir precocemente e possibilitar o acesso da criança, e seus pais, a um tratamento psicanalítico. As possibilidades de atendimento são priorizadas para crianças de até seis anos de idade.

  2. Oferecer assessoria aos trabalhos realizados com crianças em instituições.

Os atendimentos de crianças são oferecidos por participantes do Elipsi considerados em condição de realizar essa prática, ou seja, que já tenham um percurso de formação psicanalítica que envolva a análise pessoal.

As modalidades de atividades dos participantes do Elipsi são as seguintes:

  • Atendimento clínico: restrita para os participantes que já tenham um percurso de formação psicanalítica.

  • Atividade de estudos: é aberta a todos os participantes. Tem por objetivo a discussão de textos que fundamentem teoricamente a clínica com crianças e que partam da discussão de sua prática.

  • Discussão clínica: atividade para os participantes que realizam atividade clínica. Discussão de questões surgidas a partir dos atendimentos clínicos realizados, ou de casos da literatura psicanalítica.

  • Supervisão e atendimento clínico: os participantes que se encarregarem de atender os casos necessariamente deverão, em algum momento, realizar supervisão e posteriormente levar para a reunião de discussão de casos. Não ficará determinado previamente qual será o supervisor, uma vez que a supervisão se faz pela e na transferência. O que é importante é que o grupo escutará os efeitos da supervisão para a condução daquele caso. Nesse sentido, o participante encarregado do atendimento do caso poderá escolher um supervisor de fora do Elipsi. A supervisão é individual. Todos que realizam atendimentos precisam agendar a supervisão com o supervisor escolhido em horários fora dos espaços de reunião.

Bibliografia (textos fundadores):

  • “Análise de uma fobia em um menino de cinco anos”, Freud, 1909.

  • “Os complexos familiares na formação do indivíduo”, Lacan, Outros Escritos;

  • “Nota sobre a criança”, Lacan, Outros Escritos;

  • “Crianças na psicanálise: clínica, instituição, laço social”, Angela Vorcaro;

  • “A Primeira Entrevista em Psicanálise”, Maud Mannoni;

  • “O brincar e a realidade”, D.W. Winnicot;

Além dos “textos fundadores” acima referidos, a bibliografia específica deste ano 2024 entrelaça fragmentos das referências a seguir:

Bibliografia específica:

Clínica:

  • Sabina Spielrein, “A origem das palavras infantis “papai” e “mamãe”: algumas observações sobre diversos estágios no desenvolvimento da linguagem. In: Sabina Spielrein: Uma pioneira da psicanálise, Obras completas, volume 2, org. Renata Udler Cronberg. Trad. Renata Dias Mundt, Blucher, 2021.

  • Sándor Ferenczi. “Confusão de língua entre os adultos e a criança”. Trad. A. Cabral. In Psicanálise IV. São Paulo: Martins Fontes, 1992 (original publicado em 1933).

  • Françoise Dolto, « Cure psychanalytique à l’aide de la poupée-fleur ». Revue française de Psychanalyse, n°1, janvier-mars 1949.

  • Jean Allouch, Letra A Letra: Transcrever, Traduzir, Transliterar, Trad. Dulce Duque Estrada, Companhia de Freud, 1995.

  • Jean-Michel Vives et Isabelle Orrado, Autismo e mediação: Bricolar uma solução para cada um, Aller Editora, 2021.

Literatura:

  • Gloria Anzaldúa. Borderland/La frontera: The New Mestiza, Aunt Lute Books, 1986/1999.

  • Hélène Cixous, Ève s’évade, la ruine et la vie, Galilée, 2009.

  • Sylvia Molloy, Vivir entre lenguas, Eterna Cadência, 2016.

  • Itamar Viera Junior, Torto Arado (incipit), Todavia, 2019.

Ensaios em Linguagem, Linguística e afins…:

  • Gilles Deleuze, “Schizologie”, Prefácio ao livro de Louis Wolfson. Le schizo et les langues Paris : Gallimard, 1970.

  • Jacques Derrida, “Des tours de Babel”, in Psyché, Galilée, 1986/1998. / Torres de Babel. J. Barrento, Belo Horizonte: UFMG, 2006.

  • Roland Barthes, “O corpo da música”, O Óbvio e o obtuso, Ensaios críticos III, Trad. Léa Novaes, Ed. Nova Fronteira, 1990.

  • flores, valeria. Deslenguada: desbordes de una proletaria del lenguaje, Neuquén, Ají de pollo, 2010.

  • Maria Fausta Pereira de Castro, “The acquisition of the mother tongue in between languages / A aquisição da língua materna entre línguas”, Est. Ling., Campinas, v.65, 2023


10-) IMAGEM E CORPO, DESAFIOS DA CLÍNICA CONTEMPORÂNEA

Coordenação: Ana Maria Medeiros da Costa (medeirosdacostaanamaria@gmail.com)
Encontros mensais: sextas-feiras, das 13:30 às 15h – dias: 10/5; 7/6; 2/8; 6/9 e 4/10
Online: via Zoom
Inscrição: enviar e-mail para a coordenadora

O seminário se propõe a abrir algumas indagações a propósito da imagem, sua relação à sustentação do corpo na especificidade clínica, na medida em que esta dá notícia de uma mutação nesse âmbito. No seminário sobre os discursos, Lacan nomeia de mutação a passagem do mestre antigo (suporte do significante), ao mestre moderno, em que o saber passa a agenciar a relação aos discursos. Se seu enfoque visava basicamente
os discursos, isso não impede de reconhecermos consequências clínicas que se fazem sentir a partir de uma tal configuração.
Na psicanálise, a relação à imagem tem diferentes estatutos, em suas especificidades e não complementariedades. Surge inicialmente na proposição freudiana sobre a figurabilidade nos sonhos, numa composição de linguagens desarmônicas e enigmáticas (imagens, letras, signos, cores, etc.); ou mesmo na condição da imagem como valor narcísico, caminho que Lacan seguiu para propor a imagem especular como suporte do corpo. Algumas análises contemporâneas – numa espécie de inversão – têm utilizado esta última proposição para atribuir um valor moral ao narcisismo, numa espécie de acusação àqueles supostamente centrados na própria imagem. O mínimo que se pode questionar, destas colocações, é o que se entende por narcisismo, na medida em que não corresponde nem à abordagem freudiana, nem à lacaniana.
Assim, o programa para fundamentar as indagações que nos fazemos é bastante amplo, mas proporemos uma aproximação inicial, a fim de conseguir estabelecer algumas bases para o que nos ocupa. Inevitável considerar – ao menos rapidamente – a centralidade que o virtual adquiriu no suporte do discurso. Destacamos os seguintes pontos a transitar:

– a questão da figurabilidade no sonho
– a imagem no sonho do Homem dos Lobos
– corpo: unificação e dispersão
– desenlace do imaginário e clínica contemporânea