O texto literário nas obras de Freud e de Lacan

Propõe-se a pensar o estatuto que o texto literário tem na constituição da construção teórica da psicanálise. As cartas a Fliess, A interpretação dos sonhos, O Estranho, eis apenas alguns momentos em que se pode localizar diferenças significativas no modo como Freud trabalha e se apropria do texto literário: ora este dá uma forma para a teoria, ora apenas a ilustra e confirma. Tal movimento, entre dar forma e ilustrar, também pode ser pensado na obra de Lacan. Pensar o estatuto das obras de Poe, Duras e Joyce na obra lacaniana se desdobra em muitas outras tarefas, às quais se propõe esta linha de pesquisa.

O efeito do romance na escrita freudiana e o efeito da poesia na escrita lacaniana

Esta linha de pesquisa se propõe a considerar que o nascimento da psicanálise coincide com um contexto de ideias científicas e de ideias sobre a ciência, e que tal contexto se liga ao modo de representação realista do romance; daí a investigação das possíveis relações entre o romance realista e a escrita de caso. Isso marca o encontro de Freud com um modo de representação literária fortemente mimética. Em contraste, Lacan ocupa-se com autores em que o romance e a representação mimética entram em crise e, consequentemente, há uma sobrevalorização da composição linguística e das questões da linguagem. Isso marca o encontro de Lacan com o romance moderno e com a poesia.

A psicanálise e outras artes

Nesta linha de pesquisa, propõe-se a pensar a tensão que o encontro da psicanálise com outras artes provoca na própria teorização da psicanálise. Coloca-se a questão dos limites e efeitos de teorizar, ilustrar, aplicar, exemplificar e dar forma.

Escrita, corpo e a psicose

Esta linha de pesquisa propõe-se a pensar questões clínicas e teóricas decorrentes do entrelaçamento entre escrita, corpo e psicose. Nos modos de enlaçamento entre os termos, encontramos a estreita relação entre escrita e psicose, que tem sua referência inaugural em 1911, com “Observações Psicanalíticas sobre um Caso de Paranóia Relatado em Autobiografia (o caso Schreber)” de Sigmund Freud. Jacques Lacan segue essa trilha aberta por Freud e articula de forma precisa as relações entre linguagem, fala e psicose, mas é o corpo – em sua íntima relação com a escrita e como tema por excelência dos delírios e intervenções psicóticas – que insiste como quarto elemento não contabilizado. Nesse trajeto de pesquisa, problematizam-se os modos de enlaçamento entre os termos e os efeitos daí decorrentes.

A arte, o feminino e as mulheres

Esta linha de pesquisa se propõe a pensar as considerações freudianas e lacanianas sobre o feminino e as mulheres em relação a uma posição diferenciada na linguagem e, consequentemente, uma relação outra com o fazer artístico. Tanto na teoria quanto na arte é preciso pensar os efeitos, os inúmeros e fundamentais desdobramentos, das formulações sobre o não-todo e o não há relação sexual.

Literatura, Linguística e Psicanálise

Esta linha de pesquisa propõe-se a pensar as relações de Jacques Lacan com a linguística, fundamentalmente com Saussure, Benveniste e Jakobson, perfazendo o trajeto que vai do significante à letra. Nesse trajeto, se o poético escapa à linguística, cabe pensar então a função da literatura, ou de lituraterra, nas elaborações lacanianas em torno da letra e do sinthoma.

As escritas da clínica

Com esta linha, propõe-se a pensar as complexas relações entre a prática clínica e a sua formalização na escrita, colocando em jogo uma reflexão sempre a ser relançada entre prática e teoria, entre o ato psicanalítico e os seus efeitos, entre transferência e escrita do caso, questões cruciais para a transmissão da psicanálise.

A criança, o infantil e o poético

A aproximação desses termos na configuração de uma linha de pesquisa se deve ao trabalho de deciframento do gozo que colocam em jogo linguajeiro, não apenas na tensão entre modalidades diversas de recuperação do sentido (ou seja, comemorando a ancoragem significante do gozo do Outro), mas também e, especialmente, ultrapassando-o, no acolhimento do um-a-um, no non-sens e na invenção (ou seja, escavando naquele, um outro gozo).

Transmissão, tradução, transcrição

Esta linha de pesquisa se propõe a analisar a tradução (e o tradutor/intérprete) como testemunho e, nessa posição terceira, como forma de intervenção, resistência e transmissão. Trata-se do estudo de textos, artigos de jornal, documentários, produções cinematográficas e teatrais que tematizam a tradução e o tradutor; relatos (escritos e transcritos) de tradutores/intérpretes em situações diversas, especialmente as situações de tensão sociopolítica (como no caso vivido pelos intérpretes da Comissão da Verdade e da Reconciliação na África do Sul).