Chamada para Simpósio

A coordenadora do MELP, profa. Dra. Márcia Rodrigues de Souza Mendonça (Unicamp), juntamente com a profa. Dra. Dorotea Frank Kersch (Unisinos), convidam a todos os interessados a submeterem propostas de trabalho em forma de resumo para o Simpósio Temático 20 do 13º Congresso Brasileiro de Linguística Aplicada, a ser realizado de forma online durante os dias 6 a 11 de novembro de 2022. O evento é organizado pela Associação de Linguística Aplicada (ALAB). As coordenadoras do simpósio buscam congregar trabalhos sobre letramentos acadêmicos.

Eis a descrição da proposta, retirada do site oficial do evento. As submissões de resumos para o Simpósio Temático vão até o dia 15 de abril de 2022.

ST 20: Letramentos acadêmicos e divulgação científica: práticas sociais, gêneros do discurso, identidades, avaliação

Coordenadoras                                                                                                                                                                                        Márcia Rodrigues de Souza Mendonça (Universidade Estadual de Campinas)                                                                  Dorotea Frank Kersch (Universidade do Vale do Rio dos Sinos)

Os letramentos acadêmicos, incluindo-se os novos multiletramentos, constituem um objeto de pesquisa multifacetado cuja investigação pode afetar a compreensão dos percursos de formação acadêmica, políticas de inclusão no ensino superior, aspectos identitários de sujeitos universitários, configuração de textos e gêneros do discurso da esfera acadêmica e avaliação no ensino superior. Chamam a atenção de pesquisadores da Linguística Aplicada os desafios inerentes às práticas de linguagem e aos sentidos que nelas e por elas se produzem quando se considera a inserção de sujeitos em culturas acadêmicas específicas. Isso porque a denominada esfera acadêmica não é um bloco homogêneo de práticas de linguagem; antes, assemelha-se a um aglomerado de comunidades de práticas, cujos gêneros típicos, discursos e ethos se distinguem, mas também se interceptam (LEITÃO e PEREIRA, 2020). Nas últimas décadas, no Brasil e na América Latina em especial, contingentes maiores de estudantes das classes populares e/ou pertencentes a grupos étnicos minoritarizados têm chegado ao ensino superior (cf. ÁVILA REYES et al., 2020), um ambiente cujas práticas de letramento se baseiam em princípios distintos daqueles que regulam as práticas de letramento escolar, anteriormente vivenciadas. A sensação, para muitos estudantes que tiveram 11 anos de escolaridade, é de que seus saberes sobre escrita e leitura não são suficientes para navegar nesse novo universo. Lea e Street (2014) propõem e discutem modelos explicativos para a inserção em práticas de leitura, escrita e oralidade em contexto acadêmico, modelos esses que se sobrepõem no cotidiano universitário. O modelo das habilidades de estudo concebe os letramentos como conjunto de habilidades e de conhecimentos genéricos sobre língua, textos e discursos, transferíveis de um contexto a outro facilmente. O modelo da socialização acadêmica preconiza que os estudantes se apropriam de
regularidades dos discursos e gêneros em circulação nas universidades por meio de e passam a produzir seus textos aplicando esses saberes. O modelo dos letramentos acadêmicos considera, para além da apropriação das regras sociais e das regularidades linguísticas de textos e discursos, questões epistemológicas, relações de poder entre pessoas e  nstituições e também identidades sociais. O cenário reclama o olhar de linguistas aplicados e implicados nas suas escolhas de pesquisa, guiados pela preocupação com o desenvolvimento acadêmico dos sujeitos na universidade e com uma perspectiva social e integrada de aprendizagem. Vale, portanto, a pergunta: que atividades formativas desenvolvidas na graduação e na pós-graduação podem contemplar, de forma produtiva, a complexidade das práticas de letramento acadêmicas e efetivamente (trans)formar esses estudantes? Defendemos considerar a criação de materiais de divulgação de conhecimentos científicos (que chamamos aqui de divulgação científica, numa extensão do conceito) como princípio que oriente produções acadêmicas na graduação e na pós-graduação. Tomamos a divulgação científica não como mera simplificação linguística ou de conteúdo, mas como conjunto de atividades que reconfiguram as práticas discursivas oriundas de outras esferas, como a da ciência. Nesse sentido, Vogt (2003) defende que a produção científica é um processo cultural, no qual estão englobadas também as estratégias para sua divulgação. Nessa produção de materiais – escritos, orais e multimodais – os sujeitos estariam fazendo dialogar percepções sobre conceitos científicos e sobre sua apropriação (ou não) por parte de um público não necessariamente acadêmico. E, na textualização, entram em jogo projeções sobre o público leitor, sobre a pertinência dos conceitos, sobre a suficiência dos argumentos, todas essas questões que emergem das condições de produção dos discursos, nas múltiplas searas acadêmicas, o que impacta também na forma como se avalia na graduação e na pós-graduação. Some-se a tudo isso o contexto do Ensino Emergencial Remoto (ERE), durante a pandemia, que desestabilizou, no bom e no mau sentido, as configurações do evento “aula”, exigindo mediações pedagógicas que atendessem a percursos formativos na universidade em contínua transformação (cf. MENDONÇA, ANDREATTA E SCHLUDE, 2021). Este simpósio objetiva acolher trabalhos de pesquisa que envolvam o tema dos letramentos acadêmicos, preferencialmente no diálogo com a divulgação dos conhecimentos científicos, mas podendo abordar usos e sentidos das linguagens na interface com questões identitárias, relações de poder, constituição de textos e configuração de gêneros do discurso. As perspectivas teórico-metodológicas podem ser diversificadas, sob o princípio comum de que os letramentos acadêmicos são práticas sociais referenciadas culturalmente, em tempos e espaços históricos específicos, e perpassadas por crenças, valores e percepções dos sujeitos envolvidos.

Acesse o site oficial do evento para obter outras informações: https://www.13cbla.alab.org.br/site/capa 

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