Palestras

Parameters, domains, and syntactic change

Ian Roberts (Cambridge)

The conference begins with an introduction on the generative approach to diachronic syntax, its goals and methods. I present the notion of parameters and their connection with syntactic change. From there, some examples of parametric change pave the way for the notion of Parameter Hierarchies. I describe and compare examples of the Head Movement parameter, of the Null-Subject Parameter and of the Verb Movement Parameter in some quite known languages such as English and Portuguese with “highly stable” parameters such as incorporation and “radical pro-drop”, respectively typical of Algonquian languages and of Korean and Japanese. I then draw a line between micro- and macroparameters, in order to show that Parameter Hierarchies are able to explain why some linguistic phenomena are very prone to change, while others are hardly affected by a syntactic change. Further differences between the spectrum of linguistic change are used to illustrate the importance of distinguishing macro- from mesoparameters, and between micro- and nanoparameters. I finally explore some theoretical details of the theory of Parametric Variation in its connections with Minimalist Syntax, around the notions of syntactic phases and formal features.

Tempo e liberdade.
Dialectos constitutivos iberorrománicos noroccidentais e complexidade lingüística

Francisco Dubert-García (USC)

Acostuma sinalarse que os dialectos románicos falados na Península Ibérica ó norte do Douro son constitutivos, en canto os situados ó sur deste río son consecutivos. Segundo esta hipótese, as falas iberorrománicas desenvolvidas nas áreas do norte non gobernadas polos musulmáns foron levadas cara ó sur coa chamada Reconquista, onde se instalaron e padeceron procesos de nivelación dialectal. A nivelación debeuse a que
no centro e no sur entraron en contacto entre si as multiformes falas do norte, os restos das diversas falas mozárabes e as falas bérberes e árabes. En todo caso, as falas orixinais do norte dispuxeron, nos territorios en que xurdiron, dun tempo e dun espazo continuos, desde a romanización ata a actualidade, para evoluíren e mudaren. Esta evolución ininterrompida de vinte séculos no norte permitiu incrementar a diversidade interna das falas orixinarias, que parecen conter máis variación cás falas do centro e do sur da Península. O portugués europeo do norte e o galego figuran, pois, entre estas variedades constitutivas e, desde este punto de vista, deberían oporse dalgún xeito ó portugués do centro e do sur. Por outra parte, o galego, que comparte orixe común co portugués do norte, presenta dúas particularidades que o singularizan fronte a aquel: en primeiro lugar, estivo sempre en contacto xeográfico co ástur-leonés, co que se atopa en situación de contínuum xeolectal; en segundo lugar, ficou cuberto polo castelán como lingua teito, que foi, e segue a ser, a variedade alta da comunidade durante máis de sete séculos. Con todo, o galego gozou sempre de tempo e liberdade para evoluír ó seu xeito. As súas mudanzas (unhas veces compartidas co portugués, outras veces propias e algunhas outras partilladas co castelán) aumentaron a complexidade xeolectal iberorrománica, ó tempo que produciron formas que resultan interesantes desde unha perspectiva estritamente lingüística. Na presente contribución pretendo ilustrar o interese do estudo destas particularidades das falas galegas.

Investigação sobre o Português de Angola:
Evolução, panorama atual e prioridades futuras

Liliana Inverno (UC)

As bibliografias de especialidade são um meio fácil, rápido e eficiente para conhecer o panorama global da investigação em determinada área, acompanhar a sua evolução, identificar as suas lacunas e perspetivar avanços futuros. Têm longa tradição na Linguística em geral (e.g. Oxford Bibliographies in Linguistics; Linguistic Bibliography – BRILL) e na Crioulística em particular (e.g. Reinecke 1975). Embora poucas e pouco abrangentes, existem e estão disponíveis também em livre acesso bibliografias de especialidade sobre crioulos de base portuguesa (e.g. Madeira 2008; Tomás 1992), variedades da língua portuguesa (e.g. Gonçalves et al. 2011-2020) e linguística do português (e.g. CLUNL 2019).

A presente palestra apresenta e analisa uma dessas bibliografias – a “Bibliografia do Português de Angola” (Inverno & Figueiredo 2011: – adiante BPA). Parte integrante do projeto “Bibliografias de variedades emergentes do português em África” de Gonçalves et al. (2011-2020), a BPA é única, está em constante atualização, é de acesso livre e inclui apenas títulos de obras sujeitas a avaliação por pares, constituindo um instrumento de investigação de grande utilidade para investigadores na área, como indiciam os elevados registos de acesso à página da BPA.

O estudo apresentado na conferência consiste no apuramento de dados relativos a tipos de títulos disponíveis, distribuição cronológica dos títulos, distribuição dos artigos por tipo de publicações, distribuição dos livros por locais de edição, distribuição das teses por universidades angolanas e estrangeiras e distribuição por áreas gramaticais das teses de doutoramento em Linguística a partir de buscas na base de dados da BPA.

Os resultados da análise apresentada permitem não só traçar o panorama atual da investigação sobre esta variedade nacional emergente do português, mas também identificar os avanços no conhecimento que se perspetivam prioritários para o futuro, bem como formas cooperativas, interdisciplinares, eficientes e produtivas de os concretizar.

O indefinido uma/a pessoa: diacronia e variedades do português

Ana Maria Martins (UL)

As chamadas “man-constructions” são estruturas gramaticais nas quais palavras equivalentes ao inglês man funcionam como sujeito indefinido (ou genérico). No português, a palavra homem (sem determinante) foi assim usada até ao século XVI (daquello que homẽ lee cada dia, senpre deue poer ẽna memoria algũa cousa). Mas foi depois excluída dessa função, sem nunca ter chegado a atingir o nível de gramaticalização do francês on (<homme). Alguns autores ligaram a obsolescência do indefinido homem à emergência na língua portuguesa do se impessoal. Curiosamente, e contrariando esta hipótese, a palavra pessoa, semanticamente sem marcação de gênero, veio a desenvolver um valor indefinido, que é compatível com a presença de um determinante indefinido ou definido (uma/a pessoa trabalha tanto e recebe um salário miserável; aquilo que a pessoa lê com prazer fica na memória). O valor indefinido de uma/a pessoa está atestado desde o século XVI (se comem muita della verde, pella huma pessoa quantos cabelos tem em seu corpo; E er também per rezão / qu’ela assi é pertelhoa / lhe merquei eu em Lixboa / dum que chamam solivão / que faz luzir a pessoa). Procurar-se-á compreender como se desenvolveu o indefinido uma/a pessoa e se está suficientemente gramaticalizado para podermos falar de uma nova “man-construction”. Nos dialetos do português europeu o indefinido uma/a pessoa pode ter diferentes funções gramaticais, manifesta padrões de concordância variáveis com predicados adjetivais, apresenta restrições de tempo-aspeto verbal e mostra um certo grau de especialização semântica de cada uma das suas variantes (i.e. com determinante indefinido vs. com determinante definido). Estes são indicadores de gramaticalização, os dois primeiros partilhados com o pronome a gente (mas a concordância sujeito-verbo com uma/a pessoa é invariavelmente na 3ª pessoa do singular. Esta apresentação aliará à perspetiva diacrônica uma perspetiva comparativa entre português europeu, português brasileiro e variedades africanas do português.

Produção científica do Projeto Para a História do Português Brasileiro

Ataliba de Castilho (USP)

Apresentarei uma breve história do Projeto ‘Para a História do Português Brasileiro’ (1988-2019), relacionando as equipes regionais e a publicação de obras coletivas. Em seguida, detalharei os programas desse projeto: história social, mudança gramatical (fonologia, morfológica e sintática) mudança textual, tradições discursivas, semântica diacrônica e história do léxico. Um balanço da produção será apresentado, bem como a formulação de novas propostas para a continuação do trabalho.

‘Linguistic change’: an historiographical look at concept and procedures

Pierre Swiggers (KU Leuven)

Historical linguistics and the historiography (sometimes called ‘history’) of linguistics are two separate disciplines. Yet, they crucially meet when historiographers look at the history of historical linguistics (including historical-comparative linguistics). This segment of overlap can be dealt with from various points of view:

(i) A ‘monograph’-sized account of figures, schools as well as achievements (e.g., the discovery of sound laws) in the development of historical linguistics;
(ii) A ‘history of problems’-centered account, which takes as its object, e.g., the problem of the role of language contacts in historical linguistics, the relationship of historical-comparative linguistics with philology, dialectology, etc., or the (overall) position of descriptive (‘synchronic’) linguistics with respect to historical (‘diachronic’) linguistics;
(iii) A ‘concept’-centered approach, focusing on the (often complex) evolution of theoretical principles and concepts, such as ‘comparative method’, or ‘analogy’.

The three types of approaches have their legitimacy and their usefulness, let alone their ‘charm and appeal’, and a full-fledged historiography of linguistic thinking and practice (be it in historical, descriptive, or typological linguistics) should treat them as complementary. In thiskeynote lecture I would like to address the concept of ‘linguistic change’, placed at the center of historical linguistics since the second half of the 19th century, and theoretically invested by the towering figure of Antoine Meillet. In dealing with this concept, I will consider the following (evolutionary) aspects:

(1) How has ‘linguistic change’ been “represented”, e.g. as a result observed
when comparing two successive language states; as a transitory stage; as a
change in rules; as ‘actualized’ variation?
(2) How has ‘linguistic change’ been “presented”, i.e. framed in a descriptive
model?
(3) How has ‘linguistic change’ been “accounted for”, i.e. in what terms
(‘conditions’, ‘causes’), and specific devices (= kinds of conditions and kinds of causes) has linguistic change been dealt with.


The analysis will, inevitably, be partial, but, hopefully, not ‘partisan’. The general aim is to highlight major landmarks, to identify the main points of debate and dissent, to point to definite (and definitive) achievements. In conclusion, an overall grid for thinking about linguistic change will be proposed.

O Galego nas histórias da Língua Portuguesa

Carlos Alberto Faraco (UFPR)

Embora Duarte Nunes de Leão, em seu livro Origem da Língua Portuguesa (1606), tenha apresentado de forma bastante clara e perspicaz a relação histórica do galego e do português, as histórias do português, escritas por brasileiros ou portugueses na sequência do desenvolvimento da Linguística Histórico-Comparativa e da Filologia Românica, revelaram, em boa parte, muitas dificuldades para estabelecer com clareza essa relação. Nosso objetivo na conferência é revisitar criticamente essa base documental. 

Voltar ao Topo