Formado em Letras pela Fundação de Ensino e Pesquisa de Itajubá. Atualmente é professor de Inglês e Arte pelo Colégio FEPI.
Aqui, um singelinho apanhado de algumas das pinturas que criei nos últimos anos. Elas oscilam entre experimentações do grotesco e caprichos do sublime. Uma outra diferença notável está na progressão de estudos, esboços rudimentares, para obras mais ambiciosas e, evitando a palavra “completas”: “mais preenchidas”. Algumas carregam data e assinatura. Mas tomei a liberdade, comigo mesmo e com o tempo, de assinar bastante discretamente – atrás das telas. Os momentos iniciais dessa expressão visual carregam certa sombra das Pinturas Negras de Francisco de Goya: foram feitas com tintas PVA sobre papéis color set com o intuito de profanar os olhos. Nas fotografias, tentei manter pequenos detalhes do vazio impreenchível de cada escuridão, de cada papel. Em momentos ainda mais iniciais: papéis sulfite coloridos com tinta negra – polaroids da improvisação, baratos retratos do que eu alguma vez enxerguei nesse mundo ou sonhei em outro. Existem muitas barreiras dentro de um artista, ao acaso natural de ser humano ou à sua escolha. No meu caso, quanto aos que eu pude escolher: o medo de gastar dinheiro com materiais e não ter grana pro lanche do intervalo; e escolhi também o medo de mostrar meus quadros a quem não me conhecesse muito bem. Foram sérias as vezes em que precisei me justificar diante de impasses sobre fragilidade emocional e/ou simples profanações do otimismo. Esse segundo medo foi superado com sucesso quando entendi (um pouquinho) melhor os compartimentos mais pessimistas de dentro da minha caixola. O outro medo persistiu, mesmo quando ganhei um quadro como presente de aniversário e só tive coragem de “usá-lo” muitos meses após a grandiosa, magnífica e importantíssima celebração. E seu uso me foi cruel, não me satisfez de forma alguma. Com o passar dos meses, trocando o medo pela teimosia, comprei um segundo quadro e algumas cores. Na semana seguinte, um pequeno kit de pincéis para pintar unhas, que destinei a usos inortodoxos. O medo de bagunçar um quadro e me arrepender de não ter comprado um lanche ou um doce foi substituído pela prática de pintar por cima dos erros cometidos. E o quadro inicial foi refeito. E muitos outros. Existe, claro, um terceiro medo insuperável, não escolhido: o medo de não saber quais são os erros da minha expressão.
Quando alguém projeta sua imaginação em criações artísticas, registra o inacessível e intangível. Que a pintura seja um bom assunto quando a melancolia se sobrepor sobre nosso frágil pensamento.
Incluo aqui uma poesia que escrevi em inglês
A monster I’m proud to love
Augusto Baudelaire
He felt lost among several purple tree trunks
A red velvet passerine whose voice was
No longer part of the mystical dawn chorus,
Bursting and tearing the very tear of dusk.
The unfortunate redstart of many days,
He sang painfully, randomly on his golden hours
And other birds creepily lost their own routines:
The announcement of black skies for skylarks.
A friend of owls, an enemy of daylight,
The only angel left behind on this cursed land.
Not a surprise in his eyes, not a moment overspent
And his glances penetrate simplicity in its heart.
I wonder where he sleeps, and where I’ll wake him up.
Um monstro que amo com orgulho
Perdido entre montes de galhos vermelhos,
O suave passarinho cuja voz já não
Compunha o místico coral solar,
Penetrante e corrosivo ao mero tecido do céu.
Seu vermelho tom infortunado pelas manhãs,
Seu canto doloroso, caótico, quando o sol se põe.
Outros pássaros se perdem tenebrosamente em seu vocal:
Presságio das sombras aos celestes senhores.
Companheiro dos noturnos, avesso à luz, ao dia;
O único anjo nessas milhas carnicentas de lamaçal.
Nenhuma surpresa em seus olhos, nunca perde tempo,
A simplicidade é perfurada por seu olhar cordialmente.
Me pergunto onde pernoitou; e onde devo amanhecê-lo.
Contato do artista: E-mail: blue.delaire@gmail.com Instagram: @borntobeblue
9 Comentários
Karina Zaratim
As pinturas são incríveis! Comunicativas, expressivamente vivas… ❤️
Telma Domingues da Silva
Adorei suas telas, o colorido, as pinceladas marcadas. Parabéns!
Cila
Talentosíssimo Augusto!
Eu amei, parabéns!!!!!!!
ana clara
Quanto talento, gus! Fiquei com o coração quentinho com tanta sensiblidade. O poema é lindo demais, não me canso de reler!!!! Parabéns <3333
Taís
Eu amei cada parte e detalhe!! Admiro você demais e toda sua arte é uma inspiração pra mim. Parabéns Gus, continue fazendo arte e tocando cada um do seu jeitinho 🙂
Ana Elisa
Nossa, amei! Me tocou muito, fiquei um tempo olhando as pinturas por um tempo enquanto ia sentindo tantas coisas! Parabéns!
Marina
Que lindo! Amei, amei, amei! Parabéns Gus+
André
Que lindo Augusto. Parabéns!
Jacinta
Augusto, que talento! Toda sua sensibilidade nessa tinta!!
As pinturas são incríveis! Comunicativas, expressivamente vivas… ❤️
Adorei suas telas, o colorido, as pinceladas marcadas. Parabéns!
Talentosíssimo Augusto!
Eu amei, parabéns!!!!!!!
Quanto talento, gus! Fiquei com o coração quentinho com tanta sensiblidade. O poema é lindo demais, não me canso de reler!!!! Parabéns <3333
Eu amei cada parte e detalhe!! Admiro você demais e toda sua arte é uma inspiração pra mim. Parabéns Gus, continue fazendo arte e tocando cada um do seu jeitinho 🙂
Nossa, amei! Me tocou muito, fiquei um tempo olhando as pinturas por um tempo enquanto ia sentindo tantas coisas! Parabéns!
Que lindo! Amei, amei, amei! Parabéns Gus+
Que lindo Augusto. Parabéns!
Augusto, que talento! Toda sua sensibilidade nessa tinta!!