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Putagrafias: análise discursiva de autobiografias de prostitutas brasileiras.

Putagrafias: análise discursiva de autobiografias de prostitutas brasileiras.

Esse livro é o quê? Vingança, podem pensar, mas não. Dão-me trocados pelo sexo que sei fazer e nem se dão conta de o pagamento ser mais a história do que as moedas em si. O conto me protege do que ele tão nu é capaz: eu personagem já imaginando as palavras à medida que a cena avança pensando qual o recorte, o foco, onde botar a vírgula, onde o ponto final. Soubessem disso os clientes, soubessem o que entregavam para mim, que me vendiam a alma, talvez preferissem me pagar melhor. menos riscos de aparecer nessas páginas. (MOIRA, 2018, p. 184).

Durante a minha defesa de tese, a professora Mariana Cestari comentou que, ao ler minha pesquisa, se sentiu como se estivesse diante de uma narrativa que mostrava um encontro amoroso e sexual. Ou melhor, diante de um programa (com início, meio e fim) entre os leitores e as prostitutas.

[…]

Um encontro cujo maior pagamento é a circulação das análises dessas putagrafias e dar visibilidade à escrita dessas autoras-putas (ou putas autoras). Essa é uma chave de leitura muito interessante do percurso que este livro realiza ao estudar cinco obras escritas por prostitutas brasileiras, mas muitas outras possibilidades de interpretação são bem-vindas! O principal é que os leitores tenham um encontro intenso e prazeroso com essas putagrafias.

Texto de abertura do livro “Putagrafias: análise discursiva de prostitutas brasileiras”

“Putagrafias: análise discursiva de autobiografias de prostitutas brasileiras” é um livro que resulta da minha tese, defendida em 2020. Vale ressaltar que o texto foi revisado, buscando uma forma de escrita mais acessível aos leitores de diferentes disciplinas interessados no tema. Mas, do que se trata a pesquisa?

Considerando que houve no Brasil um longo período de ausência de obras autobiográficas de prostitutas, observo que a própria possibilidade da publicação dessa escrita já traz um deslocamento em relação aos discursos anteriores sobre a prostituição, marcando um novo lugar de enunciação.

Por meio da Análise do discurso, analiso cinco autobiografias de prostitutas brasileiras publicadas a partir dos anos 1990: Eu, mulher da vida (1992), de Gabriela da Silva Leite; O doce veneno do Escorpião: o diário de uma garota de programa (2005), de Bruna Surfistinha; O diário de Marise: a vida real de uma garota de programa (2006), de Vanessa de Oliveira; O prazer é todo nosso (2014), de Lola Benvenutti; e E se eu fosse puta (2016), de Amara Moira.  Diante desse material, estudo como as prostitutas se significam e como elas significam as práticas sexuais da prostituição.

Essas diferentes obras são reunidas sob o nome de putagrafias, junção entre palavras que também pode ser associada ao termo pornografia e a sua etimologia (escrita da vida das prostitutas). Organizado em sete capítulos, Putagrafias é um trabalho para quem se interessa por temas relacionados à sexualidade, ao gênero e aos feminismos pelo viés da Linguística.

Informações sobre o livro:

Esse livro foi aprovado em um edital da Editora Urutau (selo acadêmico Margem da Palavra) e se encontra em pré-venda! Para custear os gastos da publicação, é preciso alcançar a meta inicial, que vem sendo realizada pelo sistema de Benfeitoria (financiamento coletivo). Para comprar, acesse:

https://benfeitoria.com/putagrafias

Sobre a autora:

Karine de Medeiros Ribeiro é mestra e doutora em Linguística pela Unicamp. Atua como pesquisadora nos grupos de pesquisa: PsiPoliS, Mulheres em Discurso e CoLHIBri.

Texto informado pela autora